A Conferência Episcopal Peruana divulgou o decreto do Dicastério para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica determinando a expulsão de Luis Figari, fundador da Sociedade de Vida Apostólica Sodalitium Christianae Vitae (conhecida como Sodalício de Vida Cristã), do movimento que ele próprio fundou.
A decisão do Vaticano foi tomada em resposta a graves denúncias de abusos físicos, psicológicos e sexuais, incluindo contra menores, cometidos por Figari. O Dicastério baseou sua decisão no artigo 746 do Código de Direito Canônico para ordenar a expulsão do fundador.
As primeiras acusações contra Figari emergiram no início dos anos 2000, com relatos de ex-membros e investigações da mídia. Em 2015, um livro documentou os testemunhos das vítimas e trouxe à luz as denúncias contra Figari e outros líderes do movimento. Os abusos ocorreram entre 1975 e 2002 e envolveram cerca de 36 pessoas, incluindo 19 menores.
Em 2018, o Ministério Público peruano solicitou a prisão preventiva de vários membros e ex-membros da organização, incluindo Figari. O próprio Sodalício estabeleceu um grupo de investigação que, através de um relatório, identificou os responsáveis pelos crimes.
Reação do Vaticano
No mesmo ano, o Vaticano proibiu Figari de retornar ao Peru, salvo em “circunstâncias muito graves e sempre com permissão escrita” do comissário designado após a crise, o bispo colombiano Noel Antonio Londoño Buitrago. A decisão foi motivada pelo receio de que Figari pudesse “causar mais danos”, “ocultar e destruir provas” ou “obstruir a justiça” eclesiástica e civil. Essa medida foi detalhada em uma carta assinada pelo Cardeal João Braz de Aviz, prefeito da Vida Consagrada, publicada em junho de 2018, em resposta às alegações da mídia local de que o Vaticano estaria “protegendo” o acusado.
Sobre o Sodalício de Vida Cristã
O Sodalício de Vida Cristã, fundado na década de 1970, se expandiu pela América do Sul com suas comunidades “sodálites”, compostas por leigos e sacerdotes consagrados vivendo juntos com votos perpétuos de celibato e obediência. A sociedade já enfrentou problemas relacionados a abusos e má gestão financeira no passado.
