Com a aprovação do Papa Francisco, o Cardeal Victor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, enviou uma carta ao arcebispo de Bourges, na França, Jérôme Daniel Beau, autorizando o decreto de “nihil obstat” (“nada consta”) para a devoção a Nossa Senhora da Misericórdia, venerada no Santuário de Pellevoisin.
Em 1876, a empregada doméstica Estelle Faguette teria vivenciado diversas aparições da Virgem Maria em seu pequeno município francês. Estelle, nascida em 1843, trabalhou como lavadeira e empregada doméstica para sustentar a si mesma e seus pais. Quando sua saúde deteriorou gravemente, ela escreveu uma carta a Nossa Senhora pedindo cura para poder continuar a cuidar de sua família. “Suas palavras,” relata o Cardeal Fernández, “são impressionantes pela simplicidade, clareza e humildade.”
A Cura de Estelle
Na carta, Estelle descreve seu sofrimento e resistência à doença, mas expressa uma confiança inabalável na vontade de Deus. “Sua dedicação generosa e o cuidado com os outros tocaram profundamente o coração da Mãe,” observa o Cardeal, ressaltando que Maria é capaz de reconhecer o bem por trás das palavras de Estelle.
Em fevereiro de 1876, começaram as aparições, e na quinta delas, conforme prometido por Maria, Estelle foi completamente curada. A cura, atribuída a Cristo, foi confirmada como milagrosa pelo arcebispo de Bourges em 8 de setembro de 1893, com a aprovação do Santo Ofício.
Uma Experiência Cristológica
Maria, em suas mensagens, transmite a Estelle proximidade e ternura, encorajando-a com frases como “não tenha medo, você é minha filha” e “se quiser me servir, seja simples”. O Cardeal Fernández comenta que, além das palavras, o que mais impressiona é a presença silenciosa de Maria, que cura a alma com seu olhar.
“A experiência de Pellevoisin é mariana, mas também fortemente cristológica,” prossegue o Cardeal. “O pedido principal de Maria a Estelle é que ela compartilhe o escapulário com a imagem do Coração de Cristo, e a mensagem central é voltar-se para esse Coração amoroso do Senhor.”
Estelle viveu uma vida de humildade, enfrentando provações e calúnias. Em 1925, ingressou na Ordem Terceira Dominicana e faleceu em Pellevoisin em 23 de agosto de 1929, aos 86 anos.
O Cardeal também destaca que vários papas, incluindo Leão XIII e Bento XV, autorizaram atos de devoção a “Nossa Senhora da Misericórdia,” também conhecida como “Mãe Toda Misericordiosa.” Em 1922, foi autorizada uma missa votiva à Virgem para a paróquia de Pellevoisin. “Ao longo dos anos,” conclui o Cardeal Fernández, “essa devoção gerou muitos frutos de fé e caridade.”