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sábado, 21 setembro, 2024
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Tecido de 3.800 anos encontrado em Israel revela corante bíblico e redes comerciais secretas

Por Marina B.

Pesquisadores israelenses confirmaram que um tecido vermelho-escarlate de 3.800 anos, encontrado no deserto da Judeia, foi tingido com um inseto mencionado na Bíblia. O estudo, publicado no Journal of Archaeological Science, foi realizado pela Universidade Hebraica, Universidade Bar-Ilan e Autoridade de Antiguidades de Israel.

O pedaço de tecido, com menos de 2 centímetros de diâmetro, foi descoberto na “Caverna das Caveiras” no Riacho Tze’elim, próximo a Massada, durante uma escavação em 2016 para proteger achados patrimoniais de roubos. A cor vermelho-escura do tecido chamou a atenção dos pesquisadores.

A datação por carbono revelou que o tecido data da Idade do Bronze Médio (séculos XX a XVIII a.C.). Para identificar a origem do corante, os cientistas utilizaram cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) e determinaram que o corante provinha do inseto cochonilha conhecido como “Kermes vermilio”.

Este inseto carmesim, encontrado na região do Mediterrâneo, mas não em Israel, é provavelmente o “verme escarlate” (tola’at hashani) mencionado 25 vezes na Bíblia. O corante extraído desse inseto era usado para tingir os tecidos do Tabernáculo e as vestes sacerdotais, junto com as cores azul (techelet) e roxo (argaman), valorizadas na época.

Na’ama Sukenik, da Autoridade de Antiguidades de Israel, explicou que o corante era produzido a partir da cochonilha fêmea, que vive no carvalho-quermes (Quercus coccifera). A coleta desses insetos ocorria em um curto período no verão, após a fêmea depositar seus ovos, mas antes de eclodirem, quando a quantidade de corante era maior.

Embora o uso de cochonilhas para corantes seja frequentemente mencionado em fontes antigas, são raros os tecidos tingidos com esses insetos de períodos anteriores ao romano. O tecido encontrado é a evidência mais antiga dessa técnica, preenchendo a lacuna entre as referências textuais e as descobertas arqueológicas.

Sukenik destacou que Israel abriga uma cochonilha diferente, que vive em carvalhos palestinos (Quercus calliprinos) e pode produzir uma cor vermelho-alaranjada. O uso da cochonilha específica encontrada no tecido, que não é nativa de Israel, sugere a existência de redes comerciais internacionais avançadas e uma sociedade de elite já estabelecida naquela época.

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