Na última semana, o Talibã anunciou uma série de novas leis que impõem restrições ainda mais severas às mulheres no Afeganistão. Aprovadas pelo líder supremo do grupo, Hibatullah Akhundzada, as novas regras exigem que as mulheres cubram totalmente seus corpos e rostos com roupas pesadas ao saírem em público, com a justificativa de evitar que os homens sejam levados à tentação e ao vício.
Além das restrições ao vestuário, as leis proíbem as mulheres de falarem em público, considerando suas vozes como possíveis fontes de vício. Isso inclui até mesmo atividades dentro de casa, como cantar ou ler em voz alta. A legislação estipula que as mulheres não devem olhar diretamente para homens com quem não tenham parentesco, e taxistas serão punidos se aceitarem transportar mulheres desacompanhadas de um homem.
Essas novas regras, que buscam promover a “virtude” segundo os princípios islâmicos do Talibã, autorizam as autoridades a deter e punir mulheres que não cumprirem as normas, com punições aplicadas conforme o julgamento dos encarregados.
A representante especial da ONU para o Afeganistão, Roza Otunbayeva, condenou as novas restrições, afirmando que elas ampliam as “restrições intoleráveis” já impostas às mulheres e meninas pelo Talibã. Ela destacou que essas medidas representam um futuro sombrio para o país, onde inspetores morais têm o poder de ameaçar e deter qualquer pessoa com base em infrações amplas e vagas.
Mir Abdul Wahid Sadat, presidente da Associação de Advogados Afegãos, também criticou as leis, apontando que elas violam as leis nacionais e os princípios fundamentais do Islã, além de contrariarem todos os 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Em meio a essas crescentes restrições, há relatos de que muitos afegãos estão sendo alcançados pelo Evangelho por meio de dispositivos de áudio movidos a energia solar na língua pashto. Greg Yoder, do “Keys for Kids Ministries”, destacou o crescente desejo pela verdade entre os afegãos, especialmente entre os jovens e as mulheres, à medida que eles começam a entender quem é Jesus e seu amor por eles.
Desde que o Talibã reassumiu o poder em agosto de 2021, o grupo tem progressivamente excluído as mulheres e meninas de quase todos os aspectos da vida pública, proibindo-as de frequentar escolas, exercer empregos remunerados, frequentar parques públicos, academias ou salões de beleza, e impondo um código de vestimenta rigoroso. Recentemente, o grupo também reintroduziu punições brutais, como flagelação e apedrejamento públicos, para crimes como adultério.
Atualmente, o Afeganistão ocupa o 10º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2024, que classifica os 50 países onde os cristãos enfrentam maior perseguição.
