A Secretaria para a Doutrina da Fé publicou um documento abordando a devoção à Nossa Senhora da Rosa Mística. A carta, assinada pelo Cardeal Victor Manuel Fernandez, prefeito do Dicastério, com aprovação do Papa, foi enviada ao bispo de Brescia, Pierantonio Tremolada, região onde viveu a vidente Pierina Gilli.
No documento, o dicastério afirma que “não encontrou elementos nas mensagens divulgadas por Pierina Gilli que contradigam diretamente o ensinamento da Igreja católica sobre a fé e a moral”. Pelo contrário, observa vários aspectos positivos nas mensagens, além de pontos que merecem esclarecimento para evitar mal-entendidos.
Esse posicionamento representa um aval para a experiência espiritual de Nossa Senhora de Fontanelle, conforme as novas Normas para o discernimento de supostos fenômenos sobrenaturais, publicadas recentemente. O documento enfatiza que o objetivo principal do discernimento não é verificar a sobrenaturalidade do fenômeno, mas avaliar seu conteúdo doutrinal e pastoral.
A carta destaca que as mensagens de Pierina Gilli expressam uma confiança humilde na ação materna de Maria, sem exibir vanglória ou autossuficiência. Ao mesmo tempo, reconhece que tudo o que Maria faz em nós direciona sempre para Jesus Cristo.
No entanto, há expressões nos escritos da vidente que exigem interpretação, como a apresentação de Nossa Senhora como medianeira, moderadora da justiça divina e dos “terríveis castigos”. O dicastério esclarece que isso não deve ser interpretado como uma mediação necessária para a misericórdia de Deus, que em última instância é trazida por Jesus Cristo.
Outro aspecto abordado são as três rosas simbólicas de “oração – sacrifício – penitência”, centrais na espiritualidade de Pierina Gilli. A carta observa que esses símbolos não devem ser considerados como essenciais para todos os crentes, mas como uma expressão particular da devoção de Pierina.
Concluindo, a Secretaria para a Doutrina da Fé reitera que apenas Jesus Cristo é o Redentor da humanidade, e a cooperação de Maria deve ser vista como intercessão materna, ajudando os fiéis a abrir-se à graça santificante.
As aparições de Nossa Senhora da Rosa Mística em Fontanelle, vinculadas à vidente Pierina Gilli, são parte de um fenômeno místico que data de 1947. Durante essas aparições, Maria teria se apresentado como “Rosa Mística” e “Mãe da Igreja”, com os símbolos das três rosas coloridas como elementos centrais.
As reações da Igreja ao longo do tempo variaram, mas em 2019, o local foi proclamado “Santuário Diocesano Rosa Mística – Mãe da Igreja” pelo bispo de Brescia, Pierantonio Tremolada, destinatário da carta da Secretaria para a Doutrina da Fé.