A vivência da Quaresma hoje difere consideravelmente do passado, refletindo um novo contexto sociocultural. Transformações culturais têm influenciado a maneira como a Quaresma é percebida e praticada, inclusive dentro da própria Igreja Católica, que revisou suas práticas penitenciais. No entanto, o significado central deste período como preparação para a Páscoa, através da oração, penitência e caridade, permanece inalterado.
A reforma litúrgica, especialmente após o Concílio Vaticano II, realçou o Tríduo Pascal, ressignificando o sábado anterior à Páscoa como “sábado santo” e estabelecendo a solene Vigília Pascal como sua celebração principal. As práticas penitenciais também foram ajustadas, com apenas dois dias obrigatórios de jejum durante a Quaresma. No entanto, a ênfase na caridade, misericórdia, perdão e amor fraterno continua fundamental.
No Brasil, a Campanha da Fraternidade tem sido uma forma concreta de vivenciar a Quaresma desde 1964, incentivando gestos de solidariedade e partilha. Em meio à pandemia, a Quaresma adquire ainda mais relevância, convidando-nos a contemplar o Cristo crucificado e reconhecer seu sofrimento nos mais vulneráveis. É um tempo para demonstrar solidariedade e compaixão, tornando-se Cirineus e Verônicas para aqueles que necessitam. O cuidado com a vida e a saúde, através do cumprimento das medidas contra a pandemia, pode ser visto como um sacrifício agradável a Deus e um ato de amor ao próximo.
