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sexta-feira, 29 novembro, 2024
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Perseguição religiosa na Ucrânia: Horrores da invasão russa revelados

Por Marina B.

Após mais de dois anos desde o início da invasão russa na Ucrânia, os danos se estendem amplamente, especialmente afetando grupos religiosos. Os protestantes e ortodoxos ucranianos têm sido alvos constantes da perseguição russa na Ucrânia ocupada.

De acordo com a Revista Time, 34% dos casos de perseguição religiosa registrados envolvem protestantes, com 48% desses incidentes ocorrendo na região de Zaporizhzhia. Mais de 600 locais de culto foram destruídos, mais de trinta clérigos religiosos foram mortos ou sequestrados, e houve 109 casos documentados de interrogatórios, expulsões forçadas, detenções e até tortura. Os batistas, a terceira maior denominação na Ucrânia, são os mais afetados, representando 13% das vítimas. Sob o domínio russo, 400 congregações batistas desapareceram, equivalendo a 17% do total na Ucrânia.

Petro Dudnyk, pastor da igreja Good News em Sloviansk, explicou à rádio Svoboda que a perseguição ocorre porque “as forças de ocupação consideram os protestantes como representantes da fé americana, e os americanos são vistos como inimigos, então os inimigos devem ser eliminados”. Azat Azatyan, pastor infantil batista e fundador do centro infantil Garne Misce em Zaporizhzhia, que passou 43 dias em cativeiro e foi torturado, comentou: “O Kremlin teme que os protestantes sigam a lei de Deus, não a deles, e eles querem controlar tudo”.

Em fevereiro passado, a Aliança Internacional para a Liberdade Religiosa ou Crenças (IRFBA) divulgou um relatório denunciando que “líderes religiosos e denominações consideradas desleais são perseguidos com acusações infundadas de espionagem, sectarismo, extremismo ou atividades missionárias ilegais”. O relatório destaca que os crentes ucranianos enfrentam pressão das autoridades de ocupação para se registrarem obrigatoriamente, aceitarem a cidadania russa e fornecerem listas de membros da comunidade, mas mesmo o cumprimento dessas exigências não garante proteção.

Segundo o Evagelical Focus, a IRFBA apelou à comunidade internacional para “solidariedade com a Ucrânia, abordando as consequências da agressão russa e responsabilizando a Federação Russa por violações flagrantes do direito internacional, incluindo crimes contra a humanidade e crimes de guerra”. Apenas 4% dos ucranianos ortodoxos permanecem fiéis ao Patriarcado de Moscou e ao Patriarca Kirill, enquanto a maioria mudou-se para a Igreja Ortodoxa sob o Patriarcado de Kiev. Kirill apoia abertamente o governo russo na guerra e promete “purificar os pecados” dos soldados russos mortos no campo de batalha. No entanto, alguns clérigos ortodoxos foram indiciados por questionarem a guerra.

Segundo a IRFBA, “o envolvimento do Patriarcado de Moscou na tentativa de legitimar a agressão russa e minar a soberania ucraniana é claro”. O Parlamento ucraniano está elaborando um projeto de lei para proibir organizações religiosas controladas por um país que esteja praticando agressão armada contra a Ucrânia.

A pressão de Putin sobre grupos religiosos que não apoiam a invasão também é intensa dentro da Rússia. Em agosto passado, um tribunal liquidou o principal grupo de monitoramento da liberdade religiosa e de crença, SOVA, por “violações graves e irreparáveis”. Em março de 2023, várias pessoas foram multadas por citarem a Bíblia, acusadas de “desacreditar as forças armadas”, e em abril, um pastor batista em Bryansk foi condenado por “trabalho missionário ilegal”. Fora da Rússia, Yury Sipko, conhecido pastor batista russo, que serviu como chefe da União Batista Evangélica Russa, foi forçado a se exilar na Alemanha e não deve retornar. Além disso, um membro de uma igreja evangélica em Vladivostok foi condenado a dois anos e seis meses de prisão por se recusar a lutar pela Rússia na Ucrânia.

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