Os brasileiros estão reduzindo seus gastos com serviços de saúde privados, como consultas e planos de saúde, enquanto aumentam os investimentos em medicamentos, revelam dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (5). O estudo indica que a parcela das despesas com saúde no consumo total das famílias subiu de 7,3% em 2010 para 9,2% em 2021, último ano abordado na pesquisa. Paralelamente, os gastos governamentais na área permaneceram praticamente estáveis nos últimos anos, apesar de ainda serem mais altos em comparação com países vizinhos. O Brasil, em média, gasta 2,9 vezes menos com saúde do que nações desenvolvidas.
Essa mudança na alocação de recursos ocorre mesmo diante de uma diminuição nos gastos com serviços de saúde privados. Conforme o IBGE, esses serviços representaram 63,7% do total dos gastos das famílias em saúde em 2021, valor menor do que os 64,9% registrados no ano anterior. Por outro lado, os gastos com medicamentos aumentaram. Em 2021, 33,7% das despesas familiares com saúde foram destinadas à compra de remédios, enquanto no ano anterior esse índice foi de 32,5%.
Recentemente, uma resolução do governo federal autorizou o aumento de até 4,5% nos preços dos medicamentos, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No entanto, uma análise realizada pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) sugere que o reajuste para o consumidor pode ser significativamente maior e isso se comprovou no decorrer desta semana, onde muitos brasileiros reclamaram de um aumento considerável nos medicamentos.
Apesar da oferta de serviços públicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e de medicamentos nas farmácias populares, os brasileiros acabam gastando mais do que o governo quando se trata de cuidados com a saúde. As famílias brasileiras e as instituições sem fins lucrativos voltadas para elas foram responsáveis pela maior parte dos gastos com saúde em 2020 e 2021, enquanto as despesas de consumo do governo na área mantiveram-se abaixo desses valores.
Embora o Brasil tenha um gasto proporcional em saúde semelhante ao de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), isso se deve principalmente aos gastos das famílias. Enquanto as despesas públicas com saúde representaram 4% do PIB brasileiro em 2021, as despesas dos governos da OCDE nesse mesmo ano foram consideravelmente maiores, atingindo 7,4% do PIB em média. Quando ajustadas pela paridade de poder de compra entre os países, as despesas per capita com saúde no Brasil foram 2,9 vezes menores do que a média observada para os países da OCDE.