A prolongada luta no Sudão, que já dura mais de um ano, resultou no deslocamento de milhões de pessoas, com agências de ajuda alertando sobre o iminente risco de uma grave crise de fome. Líderes e analistas da Open Doors enfatizam a necessidade urgente de intervenção da comunidade internacional.
“O Sudão abriga o maior número de deslocados do mundo, quase 9 milhões de pessoas, e enfrenta a pior crise de fome global. No entanto, não está recebendo a atenção e a resposta necessárias em comparação a outras crises”, declarou Illia Djadi, analista sênior da Open Doors para Liberdade de Religião ou Crença na África Subsaariana.
Durante uma recente visita à região, Djadi encontrou líderes da igreja que se sentem abandonados. “A situação está se deteriorando a cada dia sem uma resposta adequada da comunidade global. Há um forte sentimento de desamparo”, afirmou ele.
Para os cristãos sudaneses, a situação é particularmente grave. Em um país majoritariamente muçulmano, classificado como oitavo na Open Doors World Watch List, a violência exacerbou ainda mais suas dificuldades. “Não há segurança nem proteção, nem das partes em conflito nem dos oportunistas que exploram essa situação para seus próprios fins”, lamentou Djadi. “Igrejas e cristãos têm sido alvos de ataques impunes.”
Mais de 150 igrejas foram danificadas ou destruídas até agora, vitimadas pela violência contínua ou como alvos diretos. Os cristãos, frequentemente forçados a abandonar seus lares, enfrentam múltiplas fugas e a perda do contato com suas comunidades religiosas.
A maioria dos deslocados internos no Sudão enfrenta riscos significativos, conforme explica Rachel Morley, pesquisadora da Open Doors. “Enquanto os refugiados conseguem escapar do perigo iminente e encontrar refúgio em locais com níveis internacionais de proteção, os deslocados internos não têm essa garantia. Eles são mais vulneráveis e continuam expostos a perigos similares.”
Diante dessa crise humanitária complexa, os cristãos enfrentam não apenas a privação material, mas também a discriminação por sua fé durante a distribuição de ajuda. Muitos estão separados de suas comunidades de fé, incapazes de sustentar suas necessidades básicas.
“Estamos clamando por ajuda e pela intervenção urgente da comunidade internacional para garantir que nossos irmãos e irmãs no Sudão não sejam esquecidos”, apelou Djadi.