Tiago alertou que quem sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado (Tg 4.17). Ele estava se referindo ao pecado da negligência, que se manifesta não por ações específicas, como mentir ou roubar, mas pela ausência de ação.
Jesus também alertou sobre esse pecado em várias ocasiões. As virgens tolas da parábola erraram por não terem óleo. Na parábola dos talentos, o pecado não é receber ou produzir pouco, mas recusar-se a investir. E na parábola da figueira plantada na vinha, a ordem para cortá-la não se baseia na pouca produção, mas na total falta de frutos.
A vida cristã deve refletir a de Jesus, que andou fazendo o bem por onde passava. Como cristãos, somos chamados a seguir seu exemplo e viver uma fé ativa e prática.
Recentemente, o estado do Rio Grande do Sul enfrentou a maior enchente de sua história. Não foi apenas uma enchente comum, mas uma devastação imensa, como descrito por um militar que a chamou de destruição. A catástrofe resultou em mais de cem mortos, milhares de desabrigados e a perda total para centenas de milhares de famílias.
Essa tragédia desencadeou uma onda de solidariedade em todo o país. Diversas entidades e até religiões não cristãs se uniram para ajudar, refletindo um compromisso com o bem-estar alheio. Apesar de algumas pessoas se aproveitarem da situação para roubar ou promover suas ambições políticas, isso não apaga a luz da verdadeira compaixão e solidariedade.
Se a solidariedade é um sentimento que surge em crises, quanto mais deveria ser a resposta daqueles que vivem uma nova vida em Cristo? Esta é uma oportunidade para que igrejas e cristãos de todas as denominações mostrem a essência do cristianismo por meio de ações concretas. Em momentos em que gestos simples como doações de alimentos, roupas e cobertores podem aliviar o sofrimento, como pode um cristão permanecer indiferente?
O pecado da negligência, advertido pela Bíblia, é ainda mais grave em situações de tragédia. Devemos lembrar os ensinamentos de Jesus, que mostrou com sua vida como servir ao próximo, e o que Tiago escreveu há quase dois mil anos: quem sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.
