A Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA), sediada em Viena, revelou que 96% dos judeus europeus afirmaram ter enfrentado antissemitismo em sua vida diária ou online nos últimos 12 meses. A presidente da FRA, Sirpa Rautio, destacou que a maioria dos entrevistados percebeu uma piora na situação nos últimos anos.
Antes mesmo do ataque do Hamas em 7 de outubro no sul de Israel, que desencadeou o conflito em Gaza, os judeus europeus já relatavam episódios de antissemitismo, com 80% dos entrevistados indicando uma deterioração da situação ao longo dos anos.
Um total de 76% dos judeus europeus admitiu “ocasionalmente esconder sua identidade”, sendo este comportamento particularmente pronunciado na França, onde 83% dos entrevistados relataram ocultar sua identidade judaica.
O relatório também abordou o impacto do conflito em Gaza, utilizando dados recentes de 12 organizações comunitárias judaicas. As consequências do conflito foram descritas como prejudiciais aos avanços alcançados desde a adoção da primeira estratégia europeia de combate ao antissemitismo em 2021.
O relatório destacou um “aumento dramático” nos incidentes, com 74% dos judeus na França sentindo um aumento da insegurança devido ao conflito, a maior taxa entre os países pesquisados. Na Europa como um todo, 62% da comunidade judaica afirmou ser afetada por essa percepção de insegurança.
A pesquisa da FRA, realizada através de um questionário online entre janeiro e junho de 2023, envolveu quase 8 mil judeus com 16 anos ou mais, residentes nos 13 países que abrigam a maioria da população judaica da UE.
Este é o terceiro relatório sobre o tema, seguindo estudos realizados em 2013 e 2018. Entre as conclusões, destaca-se que o estereótipo mais prevalente envolve preconceitos que associam os judeus a estereótipos negativos relacionados ao poder, controle financeiro e mídia. Além disso, há uma preocupação significativa com a percepção de que Israel não tem direito à existência como Estado.
Em relação às agressões físicas, 4% dos entrevistados relataram ter sofrido esse tipo de violência, um aumento em relação aos 2% registrados na pesquisa de 2018. A insatisfação com as medidas dos governos para combater o antissemitismo foi expressa por 60% dos entrevistados.