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sábado, 21 setembro, 2024
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A última linha de defesa: Como uma missionária enfrenta conflitos e crises para proteger o Congo

Por Marina B.

Há 20 anos, a Irmã Agnieszka iniciou sua jornada missionária na África, um desejo que já sentia desde o ensino médio. “Pode-se dizer que foram as missões que me levaram à Congregação das Irmãs dos Anjos,” revelou. Nos primeiros anos de sua vida religiosa, ela dedicou-se ao ensino de catecismo e ao cuidado de crianças e jovens. Após professar seus votos perpétuos, recebeu a permissão para partir para a África.

Primeiramente, ela foi para Ruanda e, em seguida, transferiu-se para a República Democrática do Congo. Durante uma década, administrou um hospital e um centro de nutrição para crianças na vila de Ntamugenga.

A Irmã Agnieszka se refere a si mesma com um toque de humor como o “homem da casa”. Suas responsabilidades incluem comprar torneiras, sabão e remédios, pagar funcionários, consertar telhados, encontrar panelas e colchões para refugiados, e fazer viagens perigosas para Goma, a única cidade da região onde ela pode obter os suprimentos necessários para crianças órfãs.

Ela enfrenta a constante ameaça de postos de controle dominados por rebeldes, onde frequentemente precisa negociar para continuar seu trabalho humanitário.

Anos de trabalho na região de Quivu do Norte foram marcados por conflitos incessantes. “Enquanto as crianças testemunharem crimes e tiverem que interromper seus estudos, não haverá paz neste país,” lamentou a missionária, preocupada com o futuro da juventude local.

A região, saqueada por mais de 100 grupos diferentes que buscam controlar depósitos de minerais preciosos como cobalto, coltan e nióbio, está em desordem. Esses minerais são mais valiosos do que ouro e diamantes, e os civis são os mais afetados, forçados a abandonar suas casas devido à violência crescente. Atualmente, há mais de 5,6 milhões de deslocados internos no Congo.

A missão de paz da ONU, com um custo anual superior à renda nacional do Congo, não conseguiu melhorar a situação. Embora os missionários não se envolvam na política, eles enfrentam a crise humanitária devastadora em Quivu do Norte.

“Todos os dias, pessoas morrem de fome e de doenças comuns. Nossa presença oferece esperança e segurança. Elas nos chamam de ‘nossas irmãs’, o que demonstra a proximidade que temos com elas,” explicou a Irmã Agnieszka.

O mosteiro serve como um refúgio crucial, especialmente para mulheres e crianças que buscam proteção em momentos de perigo.

Durante os períodos mais calmos, Irmã Agnieszka dedica-se a obter assistência externa e combustível, suas ações frequentemente salvando vidas. “Em condições normais, obter ajuda médica já é um milagre, mas em situações extremas, torna-se quase impossível,” afirmou. Apesar dos conflitos, as Irmãs dos Anjos continuam a distribuir alimentos.

“Nesta região, quase metade das crianças menores de cinco anos sofre de desnutrição aguda. Tuberculose e malária são desafios persistentes, com a malária ainda causando muitas mortes,” acrescentou a missionária.

Quando questionada sobre o sonho das missionárias, ela respondeu: “Paz duradoura. Esta terra é fértil e as pessoas poderiam viver aqui com segurança e dignidade.”

Além disso, a região enfrenta a crescente ameaça de jihadistas ligados ao Estado Islâmico vindos de Uganda, com relatos alarmantes de massacres e violência sexual.

A Irmã Agnieszka recorda o apelo do Papa Francisco para que se retirem as “mãos da África” e destaca que a visita do Papa ao Congo trouxe visibilidade e apoio humanitário para essa parte esquecida do mundo. Junto com outras Irmãs dos Anjos, ela pede orações por força e saúde para continuar sua missão.

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