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sábado, 18 maio, 2024
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Crise epidêmica: O descaso do poder público na luta contra a dengue

Por Marina B.

Uma grave falha foi observada quando o poder público reduziu em 83% a contratação de agentes antidengue, enquanto uma epidemia se aproximava

Antecipada como o maior desafio de saúde pública no verão passado, a epidemia de dengue já infectou mais de 3,3 milhões de pessoas, revelando uma série de negligências por parte das autoridades. Segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), em 2023, apenas 822 novos agentes comunitários de endemias (ACEs) foram contratados em todo o país para combater o mosquito Aedes aegypti. No ano anterior, quando a crise sanitária ainda não se apresentava tão severa, foram contratados 4.313 agentes. Esses números evidenciam a mais recente omissão das autoridades de saúde.

Desde o grande surto de dengue em 2001, epidemiologistas têm enfatizado que controlar o ciclo natural do Aedes aegypti – que também transmite febre amarela, zika vírus e chikungunya – é fundamental para evitar contágios. O combate à proliferação do mosquito sempre exigiu esforços diretos dos municípios, como afirmava o ex-governador paulista Franco Montoro. Mesmo os municípios economicamente desfavorecidos não têm desculpa para negligenciar essa tarefa, já que os salários dos agentes são cobertos pelo Ministério da Saúde.

A queda de 83,3% na contratação de agentes entre 2022 e 2023 parece ter passado despercebida pelo Ministério da Saúde, assim como o grau de desconhecimento das prefeituras sobre a gravidade iminente da epidemia. Em teoria, nenhum órgão de saúde local deveria ignorar a situação em ano de eleições municipais, como foi o caso em 2024. Além das atividades de pulverização de inseticidas e inspeção de residências, o trabalho dos agentes é crucial para conter a propagação da dengue e de outras arboviroses, especialmente quando a imunização universal ainda é uma realidade distante.

O Ministério da Saúde também cortou verbas destinadas à propaganda de conscientização cidadã, apesar das previsões de um verão com temperaturas alarmantes devido ao fenômeno El Niño. O calor favorece a proliferação do Aedes aegypti. No entanto, somente em novembro é que o ministério emitiu um alerta sobre a possibilidade de uma epidemia.

Embora o Ministério da Saúde tenha tomado algumas medidas, como garantir estoques de medicamentos e repassar recursos para a vigilância sanitária, o número de mortes por dengue continua alarmante. Até o momento, 1.457 mortes foram confirmadas e outras 1.929 estão sob investigação. A coordenação entre o ministério e os municípios poderia ter evitado muitas dessas mortes. Essa falha é inaceitável e não pode se repetir.

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