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sábado, 12 outubro, 2024
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Como os Paresí transformaram a agricultura indígena e desafiaram restrições legais

Por Alexandre G.

O fazendeiro Arnaldo Zunizakae, de 51 anos, recebeu visitas de mais de 40 grupos étnicos indígenas de todo o país em sua reserva localizada no município de Campo Novo do Parecis, no estado de Mato Grosso.

Essas visitas têm o intuito de observar de perto as práticas agrícolas modernas adotadas na aldeia, que têm gerado impactos positivos na qualidade de vida e saúde dos indígenas. Essas práticas contribuíram significativamente para a redução dos índices de desnutrição e mortalidade infantil. Além disso, o desenvolvimento do agronegócio tem sido fundamental para fortalecer a língua e a cultura Paresí, garantindo assim a autonomia econômica e a permanência do povo em suas terras. Tudo isso é alcançado utilizando apenas 1,7% da área total de 1,3 milhão de hectares.

Ao longo de duas décadas, a população da tribo Paresí aumentou de 1.250 para mais de três mil indivíduos, sendo que 70% deles são fluentes na língua Paresí. Arnaldo Zunizakae foi um pioneiro ao reconhecer na agricultura tecnológica uma oportunidade para garantir a autonomia econômica de seu povo. Nos anos 1990, ele e muitos jovens da aldeia se viram obrigados a buscar emprego em fazendas próximas. No entanto, Zunizakae decidiu aprender e aplicar métodos modernos de agricultura em sua comunidade, convencendo seus colegas a adotarem a cultura mecanizada, apesar da tradição anterior de cultivo manual.

Com o projeto agrícola Paresí, eles conseguiram trazer de volta cerca de 300 indígenas que estavam trabalhando em outras propriedades. Isso resultou na distribuição de recursos significativos para a cooperativa local, alcançando mais de R$ 10 milhões no ano anterior e R$ 6 milhões no ano atual, o que equivale a 50 mil cestas básicas fornecidas pelo governo. No entanto, enfrentam desafios devido a restrições impostas pela legislação, como a proibição de cultivo de transgênicos e dificuldades de acesso a certos mercados devido a boicotes à produção em terras indígenas.

Zunizakae enfatiza a importância de garantir que os Paresí sejam reconhecidos como produtores rurais autossuficientes e que possam utilizar suas terras de forma sustentável, destacando que a diversidade de culturas é fundamental para a preservação da identidade indígena. Ele critica a falta de representatividade das ONGs, ressaltando que os povos indígenas têm capacidade de se organizar e se expressar por si próprios.

Apesar dos desafios e restrições, os Paresí continuam a prosperar, preservando sua cultura enquanto buscam o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade em suas terras.

Além disso, Zunizakae enfatiza que os Paresí não estão isolados em suas práticas agrícolas e que estão abertos a compartilhar suas experiências com outras etnias indígenas. Eles têm recebido visitas de diversos grupos étnicos interessados em aprender com seu modelo de agricultura moderna e sustentável.

No entanto, eles enfrentam obstáculos como a proibição de cultivo de transgênicos e restrições de acesso a certos mercados, o que dificulta a comercialização de seus produtos. Zunizakae critica essas restrições como estratégias para impedir o desenvolvimento econômico dos povos indígenas.

Apesar dos desafios, os Paresí estão determinados a continuar sua trajetória de sucesso, cultivando não apenas alimentos, mas também preservando e fortalecendo sua cultura e identidade. Eles estão comprometidos em buscar formas de ampliar sua renda e garantir a sustentabilidade de suas comunidades para as próximas gerações, seja por meio da agricultura ou de outras atividades econômicas.

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