Em um artigo publicado no The Wall Street Journal no domingo, 17, a colunista Mary Anastasia O’Grady critica o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por sua liderança no processo de declínio da democracia e da economia na América Latina. A jornalista aponta que, embora Lula tenha proclamado metas ambiciosas, como acabar com a fome e a pobreza até 2030, suas políticas internas e externas estão colocando o Brasil em uma trajetória arriscada, exacerbando problemas já existentes na região.
O’Grady destaca que a democracia na América Latina está enfrentando um “declínio terrível”, com o nacionalismo e o autoritarismo ganhando terreno. Ela menciona como a influência crescente da China na região não é o único desafio, mas sim a erosão do capitalismo democrático que tem sido substituído por modelos autoritários, como é o caso da presidência do México sob Claudia Sheinbaum e de países como Venezuela, Bolívia e Cuba, que eliminaram a independência institucional em favor de regimes mais centralizados.
Lula como “Dinossauro da Guerra Fria”
Mary Anastasia O’Grady classifica Lula como um “dinossauro da Guerra Fria”, preso a ideais socialistas antiquados e com uma obsessão por poder que o leva a se aliar a regimes autoritários, como o de Nicolás Maduro, na Venezuela, e Miguel Díaz-Canel, em Cuba. A postura de Lula de apoiar essas ditaduras, especialmente no contexto da Organização dos Estados Americanos (OEA), que defende a democracia, é vista como uma manifestação clara de antiamericanismo, em vez de um compromisso com a legitimidade desses regimes.
A colunista observa ainda que, apesar da postura de Lula contra o dólar e as instituições financeiras ocidentais, ele continua a buscar um lugar privilegiado no grupo BRICS, composto por Rússia, Índia, China e África do Sul. Esse grupo tem se esforçado para diminuir a dependência do dólar e contornar sanções, criando mecanismos financeiros próprios.
A economia brasileira em risco
O artigo também critica a política econômica do governo Lula, que está abandonando a responsabilidade fiscal, um erro que pode levar o Brasil de volta a um ciclo de instabilidade econômica. Enquanto o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, foi responsável por controlar os gastos públicos e garantir o equilíbrio fiscal, o governo Lula tem enfrentado déficit fiscal crescente. O Goldman Sachs aponta que o déficit fiscal geral do setor público atingiu 9,34% do PIB em novembro, um aumento em relação ao ano passado.
A jornalista destaca a inflação de 4,6% no Brasil e como o aumento das taxas de juros pelo Banco Central, para 11,25%, está pressionando a economia. Enquanto as grandes multinacionais conseguem empréstimos a taxas em dólar, as pequenas e médias empresas enfrentam custos elevados para crédito local, o que agrava a desigualdade econômica.
Além disso, o artigo menciona a substituição do respeitado presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por Gabriel Galípolo. A mudança tem gerado preocupações sobre a independência do Banco Central, o que, segundo O’Grady, pode prejudicar ainda mais os brasileiros mais pobres, que seriam os mais afetados pela instabilidade econômica.
O artigo no WSJ é uma crítica contundente ao governo de Lula da Silva, apontando que suas políticas estão contribuindo para o declínio da democracia e da economia na América Latina. As alianças com regimes autoritários, a erosão da responsabilidade fiscal e a instabilidade econômica colocam o Brasil em uma posição precária, enquanto o país se afasta das reformas necessárias para garantir um futuro próspero e democrático.