Dólar Hoje Euro Hoje
sábado, 19 julho, 2025
Início » Visita de Lula à Favela do Moinho reacende debate sobre vínculos do governo com grupo ligado ao PCC

Visita de Lula à Favela do Moinho reacende debate sobre vínculos do governo com grupo ligado ao PCC

Por Alexandre Gomes

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Favela do Moinho, no centro de São Paulo, no fim de junho, reacendeu sérias preocupações sobre a relação entre o governo federal e organizações com histórico de envolvimento no crime organizado. A presença de Lula e da primeira-dama, Janja da Silva, foi usada para anunciar um ambicioso programa habitacional. No entanto, os bastidores da visita revelam articulações feitas com a Associação da Comunidade do Moinho, entidade que já foi alvo de investigações por ligação direta com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

ONG articuladora tem histórico de envolvimento com tráfico

A Associação do Moinho é presidida por Alessandra Moja Cunha, ex-presidiária condenada por homicídio e irmã de Leonardo Monteiro Moja, o “Léo do Moinho”, apontado como chefe do tráfico local e integrante do PCC. Sua filha, Yasmin Moja, atua como interlocutora da ONG junto a ministérios e tem participado de reuniões com representantes do governo federal.

Mais grave ainda: investigações da Polícia Civil mostram que a sede da associação já funcionou no mesmo endereço de um ponto de venda de drogas. Em uma operação realizada em agosto de 2023, no local foram apreendidos:

  • 5 tijolos de cocaína
  • 608 porções de crack
  • 3 tijolos de maconha

A droga, segundo a polícia, tinha como destino final a Cracolândia.

Governo Lula realizou diversas reuniões com grupo ligado ao PCC

Desde o início do mandato, o governo Lula se reuniu pelo menos cinco vezes com representantes da ONG investigada. Em uma dessas ocasiões, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, visitou a comunidade dois dias antes da ida oficial de Lula.

Durante o evento, Flavia Maria da Silva, considerada porta-voz da ONG e ligada à família Moja, usou o espaço para atacar a Polícia Militar e o governador Tarcísio de Freitas. A fala foi classificada por agentes de segurança como uma tentativa deliberada de enfraquecer a atuação das forças policiais, reforçando narrativas “anti-polícia” típicas de áreas dominadas por facções criminosas.

A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) alegou que a agenda foi “institucional” e que Flavia foi escolhida como porta-voz pela sua “trajetória reconhecida”. O ministro Macêdo defendeu que ouvir lideranças locais é necessário para formular políticas públicas, e que não houve qualquer alerta no protocolo de segurança presidencial.

Ministério Público vê risco de legitimação de criminosos

Integrantes do Ministério Público de São Paulo demonstraram preocupação com o caso. Segundo promotores, a família Moja preencheu o vácuo deixado pelo Estado, ganhando espaço político e social na comunidade, enquanto promovia uma retórica de hostilidade contra a polícia.

Além disso, a intermediação da ONG ligada ao PCC na negociação de um programa habitacional de até R$ 250 mil por família (R$ 180 mil com verba federal) gerou apreensão sobre o uso de dinheiro público com interlocutores de reputação comprometida.

Especialistas em segurança pública e juristas alertam que o episódio expõe um risco real de aparelhamento do Estado por facções criminosas, que passam a atuar disfarçadas de organizações sociais. A concessão de protagonismo político à ONG da Favela do Moinho pode legitimar o poder de grupos que operam à margem da lei e aprofundar a fragilidade institucional das áreas vulneráveis.

O caso reacende debates sobre a relação do governo com movimentos sociais de fachada, muitos dos quais, segundo investigações, são instrumentalizados por organizações criminosas para obter influência, recursos e proteção política.

Para críticos do governo, a visita à Favela do Moinho não foi apenas uma ação social, mas um gesto simbólico de alinhamento com estruturas paralelas ao Estado, que há anos desafiam a lei e exploram os mais pobres sob a aparência de militância popular.

Você pode se Interessar

Deixe um Comentário

Sobre nós

Somos uma empresa de mídia. Prometemos contar a você o que há de novo nas partes importantes da vida moderna

@2024 – Todos os Direitos Reservados.