Reportagem da Revista Oeste
A Vaza Toga 3, série de reportagens da Revista Oeste que revelou detalhes sobre um suposto gabinete paralelo comandado pelo ministro Alexandre de Moraes, continua gerando forte repercussão no meio político. Parlamentares da oposição denunciam perseguição política, prisões ilegais e censura, além de criticar o silêncio da grande imprensa diante das novas revelações.
Flavio Bolsonaro: “Um escândalo ignorado”
O senador Flavio Bolsonaro (PL-SP) classificou como inadmissível a falta de cobertura jornalística sobre o caso.
“Um escândalo ignorado por aqueles que ainda dão suporte a Moraes e, se fossem juízes, anulariam tudo que ele fez”, escreveu o parlamentar, no sábado (30), em sua conta no X (antigo Twitter).
Segundo Flavio, as revelações justificariam a anulação de todos os processos conduzidos por Moraes, no STF e no TSE.
Carlos Bolsonaro: “Silêncio absoluto da imprensa”
Também na quinta-feira, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) criticou o silêncio dos grandes veículos de comunicação:
“A terceira rodada da Vaza Toga segue em silêncio absoluto. A Globo e toda a grande imprensa não dedicam uma linha sequer, nem um segundo de seus telejornais para noticiar o escândalo e então… começam a perseguir os denunciantes.”
Gustavo Gayer: tensão no STF
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) reforçou que a nova leva de documentos abalou os bastidores do Supremo:
“Há muitas provas”, destacou o parlamentar, sugerindo que a pressão sobre Moraes e outros ministros só tende a aumentar.
Deltan: gabinete comemorou vitória de Lula
Na quinta-feira (28), o ex-procurador da Lava Jato e ex-deputado Deltan Dallagnol (Novo-SP) afirmou em vídeo publicado no YouTube que o gabinete paralelo de Moraes comemorou a vitória de Lula em 2022.
Para Deltan, a atuação descrita nos documentos mostra um viés político e partidário incompatível com o cargo de ministro do Supremo.
Oposição articula CPI da Vaza Toga
Diante da gravidade das denúncias, parlamentares articulam a criação de uma CPI ou CPMI da Vaza Toga para investigar supostas perseguições políticas cometidas a partir do gabinete de Moraes.
No Senado, o pedido de instalação da CPI, protocolado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC), já conta com 29 assinaturas. O requerimento pede apuração de condutas administrativas de ministros do STF e do TSE.
Na Câmara dos Deputados, líderes da oposição tentam formar uma CPMI. O deputado Jordy (PL-PA) destacou a gravidade das denúncias feitas por Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes:
“As revelações sobre um gabinete paralelo para perseguir opositores e fazer prisões ilegalmente são gravíssimas. Esses abusos precisam ser investigados e os responsáveis, punidos!”
Entenda: o que é CPI e CPMI?
- CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito): criada em uma das Casas Legislativas (Câmara ou Senado), com prazo e objetivo definidos. Pode recomendar indiciamentos, sugerir alterações legais ou enviar relatórios ao Ministério Público.
- CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito): envolve deputados e senadores em conjunto, mas tem a mesma função investigativa de uma CPI.
O que é a Vaza Toga
A série Vaza Toga reúne documentos e mensagens que indicam a existência de uma estrutura paralela montada por Alexandre de Moraes, fora das regras constitucionais, para monitorar opositores, produzir relatórios secretos e até interferir em processos judiciais.
As primeiras denúncias surgiram em reportagens da Folha de S. Paulo, a partir de apurações de Glenn Greenwald e Fábio Serapião.
Novos documentos, obtidos por David Ágape e Eli Vieira e publicados no site Public e na Revista Oeste, trouxeram provas adicionais de perseguição política e censura.
A pressão política aumenta, mas o silêncio de parte da imprensa tradicional reforça a percepção de que o escândalo é tratado como um “tabu” nos grandes veículos de comunicação. Enquanto isso, a oposição promete endurecer e insiste que a CPI da Vaza Toga precisa ser instalada com urgência.