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sexta-feira, 14 março, 2025
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‘Tripé da rejeição’ explica derretimento do apoio a Lula, análise do Estadão

Por Alexandre Gomes

Erros na economia, apatia política e desconexão com a realidade do brasileiro levaram Lula ao pior momento de seus três mandatos, segundo análise do Estadão.

A popularidade do governo Lula despenca em todo o Brasil, e sua reprovação já ultrapassa 60% em pelo menos seis estados, segundo a pesquisa Quaest divulgada esta semana. Enquanto o presidente e seus aliados tentam encontrar culpados externos, a realidade é que sua própria gestão construiu um “tripé da rejeição” que afasta cada vez mais a população.

Os principais fatores que explicam esse declínio são reconhecidos até mesmo por integrantes da base governista: erros na economia, apatia política e desconexão com a vida real do brasileiro. Esses três aspectos foram reforçados por decisões e declarações desastrosas do próprio presidente.

  1. Erros na Economia

Lula enfraqueceu sua equipe econômica ao desautorizar publicamente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em diversos momentos. Ele rejeitou a meta de déficit fiscal zero, defendeu gastos desenfreados e causou insegurança no mercado com mudanças nas regras tributárias, como a taxa das blusinhas e a reoneração da folha de pagamento.

O impacto dessas decisões é evidente: em oito estados, a maioria da população acredita que a economia piorou em 2024, e mais de 90% dos brasileiros afirmam que o preço dos alimentos disparou no último mês, segundo a pesquisa Quaest.

  1. Apatia política

Aliados reclamam que “Lula não é mais o mesmo”. O presidente perdeu o interesse em dialogar com deputados, senadores e governadores, afastando-se até de políticos historicamente próximos ao PT. O resultado? A base governista se enfraquece e não se esforça para defender Lula nos estados.

Os dados da Quaest reforçam essa percepção: a maioria dos eleitores sente que Lula não dá atenção ao seu estado.

  1. Desconexão com a realidade da população

Em vez de focar nos problemas internos, Lula passou grande parte de 2023 e 2024 viajando pelo mundo. Em apenas seis meses, ele visitou 12 países e passou 31 dias fora do Brasil. Em discursos, priorizou temas internacionais, causando polêmicas ao comparar Israel ao Holocausto e ao estreitar laços com o ditador venezuelano Nicolás Maduro.

Enquanto isso, o Brasil enfrenta uma escalada da violência e uma crise na saúde pública—dois dos principais problemas apontados pela população na última pesquisa Quaest. A falta de sintonia do governo com as preocupações reais dos brasileiros levou à crescente insatisfação.

O fator Janja e o agravamento da crise

Dentro da própria base aliada, há críticas direcionadas à primeira-dama Janja da Silva. Sua presença constante na comunicação do governo e o sigilo em torno de seus gastos com viagens geram desgaste para Lula. Além disso, gafes frequentes, como a recente exposição de uma alegoria de carnaval da Portela, alimentam polêmicas nas redes sociais.

Ainda assim, responsabilizar Janja pelo fracasso do governo seria injusto—afinal, como o próprio Lula afirmou recentemente, “a caneta é minha”.

Reprovação cresce até nos redutos petistas

Estados historicamente petistas, como Bahia e Pernambuco, viram a rejeição ao governo Lula disparar desde dezembro. A desaprovação também já passa de 60% em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.

A pesquisa CNT mostra que a avaliação negativa do governo atingiu seu pior índice desde janeiro de 2023: 44% da população considera a gestão Lula ruim ou péssima, um salto de 13 pontos percentuais desde novembro de 2024.

Com um cenário cada vez mais desfavorável e uma base política desmobilizada, Lula enfrenta seu momento mais crítico e, se nada mudar, pode ver sua reeleição em 2026 escapar por entre os dedos.

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