O desembargador Carlos Eduardo da Fonseca Passos, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), emitiu uma ordem para que o Google retire um segmento de vídeo do YouTube no qual o político José Genoino propõe um boicote a empresas judaicas, concedendo um prazo de 48 horas para a remoção. A declaração foi feita durante uma entrevista em janeiro, abordando o conflito entre Israel e o Hamas.
Caso a determinação não seja cumprida, o desembargador estabeleceu uma multa de R$ 100 mil. A decisão foi tomada em resposta a uma solicitação da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro.
No vídeo, Genoino sugere que “a ideia do boicote por razões políticas que prejudicam interesses econômicos é interessante. Inclusive, há esse boicote em relação a determinadas empresas judaicas”.
“Por exemplo, há boicotes a empresas ligadas ao Estado de Israel. Acho até que o Brasil deveria cortar relações comerciais na área de segurança e defesa com o Estado de Israel”, afirmou o aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O desembargador considerou que a “manutenção da declaração em uma plataforma gratuita de vídeo online pode causar danos graves e irreparáveis, devido ao acesso livre e contínuo por uma quantidade indeterminada de usuários a conteúdo ofensivo e discriminatório”.
Durante as declarações, a própria liderança do PT desaprovou as palavras de Genoino, classificando o assunto como um equívoco de abordagem em um tema tão delicado. Além do partido, organizações ligadas à comunidade judaica no Brasil também repudiaram as declarações.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib), classificou a fala como antissemita, lembrando que “o antissemitismo é crime no Brasil”. “O boicote aos judeus foi uma das primeiras medidas adotadas pelo regime nazista contra a comunidade judaica alemã, que culminou no Holocausto”, afirmou.
A Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) também emitiu uma nota de repúdio à declaração de Genoino. “Ao evidenciar a origem judaica de empresas e pedir seu boicote, Genoino revela sua covardia e seu viés antissemita”, disse a entidade.
A Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria também classificou a fala como antissemita e afirmou que ela “deve ser repudiada por todos”. “A fala de Genoino, sem conhecimento dos benefícios dessa relação comercial, é também contrária aos interesses do Brasil e da população brasileira. Trata-se de dois países democráticos, independentes, com benefícios comerciais recíprocos”, declarou em nota.