As políticas fiscal e monetária estão em desacordo, e o pacote de gastos anunciado foi visto como inadequado para manter a disciplina fiscal.
Neste ano, o real conquistou um título indesejável: é a moeda de pior desempenho, com uma queda superior a 20%, atingindo quase R$ 6,3 por dólar. A situação se agravou ainda mais na última semana, com a desvalorização acelerando, mesmo após diversas intervenções do Banco Central.
Essa queda é alimentada pelo receio em relação aos planos fiscais do governo. Em novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um programa aguardado para reduzir os gastos públicos, que inclui limitações nos salários do funcionalismo público. No entanto, ao mesmo tempo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu cortes significativos de impostos para trabalhadores de baixa e média renda. Os investidores enxergaram essa abordagem como uma demonstração de compromisso insuficiente com a disciplina fiscal, especialmente diante do déficit nominal de quase 10% do PIB e da dívida bruta de 78% do PIB, o que gerou apreensão no mercado.
Em 17 de dezembro, o Banco Central tentou, sem sucesso, conter a queda do real, vendendo mais de US$ 3 bilhões em reservas cambiais. Desde setembro, já aumentou a taxa de juros três vezes, incluindo um aumento inesperado de um ponto percentual em 11 de dezembro. Embora muitos bancos centrais de mercados emergentes tenham começado a reduzir suas taxas, seguindo o exemplo do Federal Reserve, os investidores aguardam um aperto monetário adicional no Brasil no próximo ano. Atualmente, os títulos públicos de dois anos do Brasil oferecem uma rentabilidade superior a 15%, comparado a cerca de 10% no final de 2023.
