Em uma sessão marcada por momentos de tensão, o Conselho de Ética da Câmara decidiu adiar, nesta quarta-feira (28), a análise da ação contra o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). O relator do caso, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), votou a favor da abertura do processo para avaliar a possível perda do mandato de Braga.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) solicitou vista do parecer, o que resultou no adiamento da votação sobre a admissibilidade da ação.
A representação foi apresentada em abril pelo partido Novo, após o deputado expulsar o influenciador Gabriel Costenaro, do Movimento Brasil Livre (MBL), do Congresso Nacional.
Durante a reunião, Glauber Braga acusou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de ser um “bandido” e alegou que o Conselho de Ética está envolvido em uma “armação”.
Em sua defesa, Braga afirmou que o parecer do relator foi elaborado com a influência direta de Lira, que, segundo ele, deseja sua saída da Câmara. “Seria mais digno se Arthur Lira assinasse o relatório. O circo está montado”, declarou Braga, ressaltando que não se submeteria às ordens de Lira.
O clima de hostilidade se intensificou com troca de ofensas entre Braga e o relator, que se chamaram mutuamente de “mentirosos”. O presidente do Conselho de Ética, deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA), chegou a ameaçar retirar a palavra de Braga devido ao bate-boca.
Braga continuou a atacar Lira, acusando-o de “sequestrar o Orçamento”. A assessoria de Lira ainda não comentou as declarações de Braga.
Embora tenha votado pela abertura do processo, Paulo Magalhães afirmou que não deseja cassar o mandato de Braga. Magalhães pediu respeito à Câmara e negou qualquer conluio com Lira, descrevendo sua relação com o presidente da Casa como “discreta”.
“Ainda que Vossa Excelência mereça, eu não quero cassá-lo”, disse o relator.
A continuação do caso dependerá da convocação pelo presidente do Conselho de Ética. As votações presenciais na Câmara estão previstas para a segunda semana de setembro. Devido às eleições municipais, os deputados concordaram em realizar semanas específicas para votações, conhecidas como “esforços concentrados”.