A tensão diplomática recente entre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o governo da Espanha preocupa investigadores que acompanham o caso do ex-ministro de Transportes espanhol, José Luis Ábalos. O político, que foi uma das principais figuras do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), é suspeito de envolvimento em um esquema de fraude na compra de máscaras durante a pandemia, com indícios de lavagem de dinheiro no Brasil.
O mal-estar teve início após Moraes convocar a embaixadora da Espanha no Brasil para prestar esclarecimentos, depois de a Espanha ter negado o pedido de extradição do jornalista Oswaldo Eustáquio, que se encontra exilado no país europeu. Em resposta, Moraes ordenou a prisão domiciliar de um traficante espanhol foragido, decisão que depois precisou ser revogada ao constatar que o réu não possuía domicílio fixo no Brasil. A preocupação de investigadores agora é que essa tensão possa comprometer a cooperação internacional necessária para avançar nas apurações contra Ábalos.
As investigações apontam que empresas de fachada teriam sido utilizadas para obter contratos públicos na Espanha durante a pandemia e desviar recursos. Além de Ábalos, o atual ministro do Interior espanhol, Fernando Grande-Marlaska, também é citado nas acusações, o que aumenta a gravidade do escândalo.
A possível contaminação da relação entre Brasil e Espanha ameaça atrasar as investigações sobre esse caso de corrupção internacional, conhecido como “covidão” espanhol, e pode comprometer a obtenção de provas essenciais para responsabilizar os envolvidos.