Processo passa a tramitar com acesso restrito por conter dados bancários e fiscais
O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a apuração sobre uma possível omissão do Banco Central (BC) no caso Banco Master passe a tramitar sob sigilo, limitando o acesso público a documentos e informações que constavam nos autos.
A investigação busca esclarecer se a autoridade monetária deixou de acompanhar adequadamente riscos ligados às operações da instituição financeira e se houve falhas na supervisão prudencial que poderiam ter reduzido prejuízos a investidores e ao mercado.
Recurso do GDF levou TCU a reabrir análise
O caso chegou ao TCU após recurso do Governo do Distrito Federal, controlador do BRB, questionando a decisão do BC de não autorizar a aquisição do Banco Master pelo banco público.
Antes disso, em junho, o Ministério Público junto ao TCU já havia pedido investigação, sob a alegação de que o Banco Central não teria monitorado operações consideradas temerárias. Naquele momento, o tribunal entendeu que não havia elementos suficientes para caracterizar irregularidades.
Com a apresentação de novas informações no recurso, o TCU decidiu reavaliar o cenário e instaurou a apuração.
Por que o processo ficou sigiloso
A mudança de classificação foi justificada pelo TCU com base na existência de dados bancários e fiscais protegidos por legislação específica, o que, segundo a corte, impede a divulgação irrestrita das peças sem violar regras de confidencialidade.
Com isso, apenas um acórdão segue disponível para consulta pública no sistema do tribunal.
Contexto: liquidação do Master e escalada institucional
A decisão do TCU ocorre em meio ao aumento da pressão sobre o caso. Em novembro, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, em um contexto de investigações que atingiram executivos da instituição, incluindo o empresário Daniel Vorcaro, sob suspeitas de irregularidades financeiras.
O TCU também passou a cobrar explicações formais do BC sobre pontos do processo de liquidação, indicando preocupação com critérios, timing e fundamentos adotados na condução do caso.
Além disso, a apuração ganhou dimensão institucional com diligências autorizadas no âmbito judicial, o que reforça a disputa sobre responsabilidade regulatória, supervisão do sistema financeiro e eventuais consequências para a credibilidade dos órgãos de controle.
Com o processo agora em sigilo, o foco se volta aos próximos movimentos do TCU e às respostas do Banco Central — em um caso que tende a continuar gerando impacto político e institucional.