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quarta-feira, 3 setembro, 2025
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Tagliaferro: “Parceiros de Moraes, UFRJ, UFMG e Lupa faziam pedidos ao TSE”

Por Alexandre Gomes

Ex-assessor do tribunal revela pedidos irregulares e diz temer represálias do ministro do STF

O ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, prestou depoimento à Comissão de Segurança Pública do Senado nesta terça-feira (2) e fez revelações preocupantes sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes, à época presidente do TSE.

Segundo Tagliaferro, universidades públicas e agências de checagem ligadas a Moraes — como a UFRJ, a UFMG e a Agência Lupa — faziam pedidos de monitoramento diretamente ao tribunal, resultando na produção de relatórios contra cidadãos que criticavam ministros do Supremo, as urnas eletrônicas, o processo eleitoral e até o então candidato Lula.

“Moraes tinha parceiros que faziam pedidos para a assessoria monitorar, como integrantes da UFRJ, da UFMG e a Agência Lupa. Uma simples crítica a ministro do Supremo, instituições brasileiras, urnas, eleições e até o Lula já motivava o monitoramento”, afirmou.

Relatórios produzidos por canais paralelos

De acordo com Tagliaferro, embora os relatórios fossem formalmente encaminhados pelo rito processual, os pedidos de produção eram feitos de maneira irregular, muitas vezes por mensagens em grupos de WhatsApp ou conversas informais.

“Nós devolvíamos via rito oficial ao gabinete de Moraes, seja no TSE ou mesmo no STF. O que era falado para nós é que o rito normal demoraria muito, e que a democracia precisa de celeridade”, explicou.

As declarações levantam suspeitas sobre a existência de um sistema paralelo de monitoramento e censura, utilizado para perseguir críticos e acelerar processos de interesse do ministro.

Medo de represálias

Vivendo atualmente na Itália, Tagliaferro afirmou que teme voltar ao Brasil. Ele teve sua extradição solicitada por Moraes ao Ministério da Justiça e é denunciado pela Procuradoria-Geral da República por suposto vazamento de conversas internas de servidores do STF e do TSE.

O ex-assessor deixou claro que teme represálias e chegou a dizer que poderia ser vítima de algo ainda mais grave:

“Óbvio que eu não gostaria [de voltar], porque sei quem é Moraes. Sei que eu estando aí é para calar. Inclusive pode até fazer um simulado e tirar a minha vida, porque ele não quer que eu fale.”

Durante a oitiva no Senado, Tagliaferro repetiu diversas vezes que está disposto a contribuir com a verdade, mas ressaltou que sua disposição depende de sua segurança:

“Quero que o Brasil e o mundo saibam a verdade, desde que eu esteja vivo para isso.”

Contexto político explosivo

As revelações de Tagliaferro se somam ao ambiente de crescente tensão entre o Supremo Tribunal Federal e parlamentares da oposição, que acusam Alexandre de Moraes de agir como censor e perseguidor político.

A denúncia de que universidades federais e uma agência de checagem teriam servido como “parceiros” de um esquema de monitoramento de críticas aumenta ainda mais a pressão sobre o STF e deve gerar novos desdobramentos tanto no Congresso quanto na esfera internacional.

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