O ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, Eduardo Tagliaferro, fez sérias denúncias contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em entrevista à Gazeta do Povo. Segundo ele, as instituições estariam centralizando decisões políticas e mantendo um plano de poder contínuo, baseado em vigilância interna e perseguição ideológica.
Acusações sobre controle interno e perseguição política
Tagliaferro afirmou que o STF se transformou em um mecanismo de controle político. Ele relatou que havia um ambiente de vigilância dentro da Corte, no qual servidores agiam como “delatores internos”, repassando informações de outros órgãos para agradar superiores.
O ex-assessor disse que as decisões contra investigados dos atos de 8 de janeiro foram tomadas com base em posições políticas, e não em critérios jurídicos. Ele descreveu o ministro Alexandre de Moraes como “autoritário” e “movido por vingança”, acusando-o de priorizar a perseguição a nomes como Carla Zambelli, Bia Kicis, Daniel Silveira e Jair Bolsonaro.
“Moraes é mau. Não é só autoritário, ele é movido por vingança. Isso não é política, é pessoal”, declarou.
Clima hostil e saída de servidores
Segundo Tagliaferro, diversos servidores deixaram seus cargos devido ao clima de tensão e hostilidade no tribunal. Alguns teriam se demitido em silêncio; outros, segundo ele, saíram emocionados, alegando que o STF havia rompido seus limites institucionais.
Ele também afirmou que a troca na presidência do STF, com a chegada de Edson Fachin, não altera o rumo da Corte:
“A nova presidência não muda nada. Apenas reforça o que já está acontecendo. Eles vão continuar com o plano de poder.”
Previsão para as eleições de 2026
O ex-assessor demonstrou pessimismo em relação às próximas eleições, acusando o Judiciário de interferir no processo democrático.
“As eleições não serão limpas. Não é só interferência pontual, é uma engenharia de dominação jurídica, narrativa e tecnológica. Não vão permitir que um projeto conservador volte ao poder por vias democráticas.”
Preparado para enfrentar consequências
Vivendo na Itália, Tagliaferro disse estar ciente dos riscos que enfrenta. Segundo ele, já está preparado para prisão, extradição ou exílio, e afirmou que tomou sua decisão de denunciar o sistema sabendo das possíveis consequências.
“Quando decidi fazer as denúncias, sabia dos riscos. Estou psicologicamente preparado.”