O ministro Alexandre de Moraes afirmou, durante a abertura do segundo semestre do Supremo Tribunal Federal, que as sanções aplicadas pelos Estados Unidos contra ele serão ignoradas pela Corte brasileira. Segundo Moraes, sua atuação como relator dos processos ligados aos atos do dia 8 de Janeiro continuará normalmente, sem qualquer mudança no rito processual. “Este relator irá ignorar as sanções praticadas e continuará trabalhando”, declarou, reforçando que todas as decisões seguirão sendo tomadas de forma colegiada, tanto no plenário quanto na Primeira Turma do STF.
Durante o discurso, Moraes garantiu que todos os acusados envolvidos nos eventos de janeiro de 2023 serão julgados ainda neste semestre, afirmando que o Supremo absolverá os inocentes e condenará aqueles contra os quais houver provas. A fala foi recebida com atenção por aliados e críticos, num momento em que a atuação do STF e, em especial, de Moraes, tem sido alvo de forte escrutínio nacional e internacional.
O ministro também destacou que, até o momento, 707 recursos foram apresentados contra decisões monocráticas de sua relatoria, todos negados pelo colegiado, o que, segundo ele, demonstra respaldo institucional às suas decisões. A fala, no entanto, foi interpretada por observadores como uma tentativa de legitimar a centralização de poderes em sua figura, algo que vem sendo criticado por setores conservadores do país.
Ao comentar as articulações políticas internacionais que culminaram nas sanções, Moraes atacou diretamente opositores como o deputado Eduardo Bolsonaro, classificando-os como “pseudopatriotas” e integrantes de uma suposta “organização miliciana” que, segundo ele, tenta desestabilizar o sistema de Justiça brasileiro.
A firmeza de Moraes foi celebrada por aliados do governo, mas também levantou alertas em segmentos da sociedade que veem com preocupação o crescente poder concentrado no Judiciário. Embora a declaração reforce a ideia de defesa da soberania nacional frente a interferências externas, o episódio reacende o debate sobre os limites da atuação judicial em contextos politicamente sensíveis e sobre a urgência de um equilíbrio institucional saudável entre os Poderes da República.