Estudo mostra que medidas reativas do governo podem causar retração de R$ 667 bilhões no PIB e provocar crise econômica generalizada
As ameaças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de retaliar as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos podem ter um custo altíssimo para a economia brasileira. De acordo com um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), caso o Brasil decida impor tarifas semelhantes de 50% sobre produtos norte-americanos, o país pode perder até 5 milhões de empregos e R$ 667 bilhões em Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos dez anos.
A pesquisa da Fiemg alerta que essa postura beligerante do governo federal não apenas aprofundaria a crise fiscal brasileira, como também comprometeria a renda das famílias, a competitividade da indústria nacional e o equilíbrio das contas públicas. A própria estrutura produtiva nacional, já enfraquecida por altos impostos e baixa produtividade, seria duramente atingida por uma possível guerra comercial com os Estados Unidos — um dos principais parceiros econômicos do Brasil.
Segundo a Fiemg, só as tarifas de 50% já cogitadas por Lula provocariam retração de 2,21% no PIB, o equivalente a R$ 259 bilhões, e resultariam na perda imediata de 1,9 milhão de empregos. A arrecadação federal despencaria R$ 7,2 bilhões, e os rendimentos da população cairiam R$ 36,2 bilhões.
“Responder com a mesma moeda pode gerar efeitos inflacionários devastadores. O caminho mais inteligente é a diplomacia”, alertou Flávio Roscoe, presidente da Fiemg.
Além disso, a dívida pública — que já saltou de 71,7% para 76,1% do PIB desde o início do atual governo — pode sair do controle diante de um cenário recessivo e com queda na arrecadação.
Alerta de especialistas: consumidor pagará a conta
O jurista Ives Gandra da Silva Martins reforçou que o Ministério das Relações Exteriores precisa agir com urgência e inteligência para evitar a escalada do conflito. “A diplomacia brasileira tem pouco tempo para agir antes que o prejuízo se consolide”, afirmou.
Economistas ouvidos pelo Estadão também destacaram os riscos. Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, afirmou que uma retaliação mal planejada afetará diretamente os setores mais produtivos e exportadores do Brasil. “O consumidor verá aumento de preços, inflação e escassez de produtos. E as empresas terão de cortar turnos, rever contratos e demitir.”
Entre os setores que seriam duramente afetados estão:
- Equipamentos de transporte: retração de 21,6%;
- Siderurgia e ferro-gusa: queda de 11,7%;
- Produtos de madeira: recuo de 8,1%;
- Educação privada, saúde e serviços domésticos: retração próxima a 3%.
Empresas brasileiras com forte exposição ao mercado americano, como Embraer, WEG, Randoncorp e Frasle, também estão sob risco. Só a Embraer pode acumular custos extras de até US$ 450 milhões por ano.
O agronegócio, que representa cerca de 25% do PIB, também será diretamente atingido. Exportações de café, proteína animal e suco de laranja (produto com forte dependência dos EUA) já estão sob ameaça.
“Um país que cobra 60% de impostos de importação não pode espernear quando o outro aplica 50%”, ironizou o analista Evandro Rathunde nas redes sociais.
No pior cenário estudado — com ambos os países impondo tarifas de 100% e queda acentuada nos investimentos — o Brasil pode enfrentar:
- Queda de 5,68% no PIB;
- Perda de quase 5 milhões de empregos;
- Redução de R$ 93 bilhões na renda das famílias;
- Queda de R$ 18,5 bilhões na arrecadação tributária.
A retórica agressiva do presidente Lula e a falta de estratégia econômica podem empurrar o Brasil para uma crise severa e duradoura. Ao invés de buscar soluções diplomáticas e reformas internas que estimulem competitividade, o governo prefere responder com medidas que, na prática, punem o trabalhador brasileiro, aumentam a pobreza e desestabilizam a economia.