O deputado Alfredo Gaspar, relator da CPMI do INSS, aproveitou a recusa de Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, em responder aos questionamentos para transformar suas 150 perguntas em um verdadeiro libelo acusatório. Durante 50 minutos, o parlamentar fez um resumo contundente das acusações que recaem sobre Antunes, considerado peça central do esquema que desviou bilhões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), prejudicando cerca de 9 milhões de aposentados e pensionistas.
Gaspar, que já atuou como procurador-geral de Justiça e secretário de Segurança Pública em Alagoas, abriu e concluiu sua fala chamando Antunes de “ladrão” e afirmou que, se a legislação brasileira permitisse, ele deveria cumprir prisão perpétua ou pena de morte pelos crimes.
Questionamentos sobre autoridades e benefícios ilegais
O relator questionou Antunes sobre as autoridades e servidores públicos com quem manteve contato e sobre o período em que o esquema fraudulento foi montado dentro da Previdência. Gaspar insinuou que o lobista contou com conivência de agentes públicos para desviar recursos de aposentados.
O deputado também apresentou uma foto de Antunes com diretores do INSS e o atual ministro da Previdência, Wolney Queiroz, registrada em janeiro de 2023, quando Queiroz era secretário-executivo da pasta.
“Fico imaginando o senhor distribuindo brindes milionários a funcionários corruptos da Previdência Social. Quero saber quanto essa turma recebeu do senhor, do dinheiro roubado dos aposentados”, disse Gaspar.
Ele ainda perguntou se Antunes teve informações privilegiadas sobre a deflagração da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, e mencionou o “crescimento patrimonial espetacular” do empresário entre abril e junho de 2004. O lobista permaneceu em silêncio.
Acusações severas do relator
Gaspar afirmou que Antunes é “o autor do maior roubo contra aposentados e pensionistas da história do Brasil” e que será condenado e preso.
“Quantas vezes o senhor confiou nos seus padrinhos poderosos, acreditando na impunidade? Hoje está arrogante, mas em breve enfrentará o sistema prisional. O senhor é um arquivo vivo, que vale mais morto do que vivo para alguns. Engana-se pensando que está protegido.”
Situação jurídica do Careca do INSS
Antunes está preso preventivamente desde 12 de setembro, mas, por força de um habeas corpus do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), não é obrigado a responder às perguntas da CPMI.
Antes do interrogatório, fez um breve pronunciamento, classificando a prisão como “medida grave, baseada em premissas equivocadas” e acusou um ex-sócio de mentir e caluniá-lo por ter tentado extorqui-lo. Reconheceu que uma de suas empresas prestou serviços a entidades envolvidas nos descontos irregulares, mas negou ter participado do esquema criminoso.