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sábado, 5 julho, 2025
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Rejeição a Haddad azeda relação com Câmara e agrava crise política do governo Lula

Por Alexandre Gomes

A crescente rejeição ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dentro do Congresso Nacional, está se tornando um dos maiores obstáculos à governabilidade do presidente Lula. Após a derrota esmagadora na tentativa de aumentar o IOF — barrada por 383 votos na Câmara dos Deputados, em um placar equivalente a um impeachment — a situação de Haddad com os parlamentares ficou ainda mais insustentável. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

A postura do ministro de considerar um possível recurso ao “tapetão” do STF para reverter a decisão do Legislativo foi interpretada por deputados como uma afronta direta ao Congresso e ao equilíbrio entre os Poderes. O desgaste já vinha se acumulando, mas agora atinge um ponto crítico, com líderes parlamentares articulando novas derrotas para o governo na área econômica.

Clima azedado com Hugo Motta

O episódio do IOF teve como protagonista o presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que se irritou com as declarações de Haddad e com a tentativa de jogar sobre o Congresso o peso do desgaste da proposta.

Segundo informações da coluna de Cláudio Humberto, o próprio Motta teria afirmado que nunca prometeu dar ao Ministério da Fazenda o prazo de 10 dias para apresentar uma alternativa ao decreto do IOF, como chegou a ser sugerido nos bastidores por interlocutores do governo. Para o deputado, essa é uma narrativa criada pelo próprio Haddad para tentar amenizar o revés público.

“Haddad fala mal de deputados nos bastidores e depois quer que a Câmara aprove pacotes impopulares”, teria dito um aliado de Motta.

Comparações com Padilha e nova rebelião à vista

Nos corredores do Congresso, o tratamento de Haddad já é comparado ao desgaste que levou o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) a perder toda a influência sobre Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara na legislatura anterior. Agora, a nova gestão sob Hugo Motta vê Haddad como um interlocutor desgastado, arrogante e distante da realidade política do Parlamento.

Com o clima hostil, deputados articulam outras derrotas ao ministro da Fazenda, a começar pela derrubada da proposta de taxação das LCIs e LCAs, que afeta diretamente investidores da classe média e tem pouca aceitação entre parlamentares da base e da oposição.

A percepção geral entre os deputados é de que Haddad ignora as prioridades do Legislativo, busca impor agendas impopulares via decreto, e recorre ao Judiciário sempre que é contrariado, comportamento que é visto como autoritário e antidemocrático.

O principal ponto de atrito agora é a possibilidade de que o governo acione o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar restabelecer a validade do decreto do IOF — uma medida que seria vista como uma invasão inaceitável da competência do Congresso Nacional.

Deputados já alertam que, se o STF interferir na decisão soberana do Parlamento, o clima institucional pode deteriorar ainda mais. “É tapetão puro”, resumiu um líder partidário. “Se fizerem isso, aí o jogo muda de patamar”.

A tentativa de judicializar o tema é lida não apenas como sinal de fraqueza política do governo, mas como um desrespeito à independência do Legislativo — o que tem potencial de aprofundar a crise entre os Poderes.

Governo perde o controle político e econômico

Na prática, o isolamento de Haddad mostra que o governo Lula está politicamente enfraquecido e sem apoio para pautas econômicas relevantes. O risco é de que o ministro da Fazenda se torne um “pato manco” dentro do próprio governo — com baixa capacidade de negociação, forte rejeição no Congresso e dependência crescente do STF para sustentar medidas fiscais.

Enquanto isso, a Câmara se movimenta para aprovar novos recuos tributários, colocando em xeque a estratégia de arrecadação da equipe econômica e aprofundando o rombo nas contas públicas.

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