Sem apoio no Congresso, sem conquistas relevantes e cada vez mais isolado politicamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reage aos próprios fracassos com radicalismo retórico e uma postura de confronto permanente — tanto no cenário interno quanto externo. A análise é do jornalista J. R. Guzzo, publicada no último sábado (21) no O Estado de S. Paulo.
Segundo Guzzo, a marca mais constante do presidente é sua incapacidade de reconhecer erros, preferindo recorrer a discursos inflamados, declarações divisionistas e posturas ideológicas extremas sempre que se vê encurralado. “É automático: algum problema complicou? Lula reage com mais radicalismo”, afirma o colunista.
Governo inoperante e sem entregas concretas
Passados dois anos e meio de mandato, Guzzo aponta que não há uma única realização relevante que possa ser atribuída ao governo Lula. “Pense em alguma coisa positiva, uma única que seja. Essa coisa não existe. Todo mundo vê e sabe que não existe”, escreve.
Na visão do jornalista, o presidente não apenas falhou em resolver os problemas do país, como agravou muitos deles. Em vez de buscar soluções práticas e viáveis, Lula teria se fechado em um ciclo de decisões desastrosas, motivadas por ideologia, revanchismo e desprezo pelo contraditório.
Com uma base parlamentar frágil e rebelde, o Planalto tem acumulado derrotas em série no Congresso. A incapacidade de articular votações e de cumprir acordos com aliados transformou o Executivo em um “morto-vivo político”, nas palavras do autor.
Retórica agressiva e “fantasia de guerreiro”
Diante do desgaste, Lula teria optado por encarnar a figura de um “guerreiro da esquerda”, investindo na retórica da luta de classes, atacando empresários, demonizando adversários e apostando na manutenção da pobreza como estratégia de dependência eleitoral.
“Toda a sua esperança se resume aos 55 milhões de infelizes que condenou à mendicância perpétua do Bolsa Família”, diz Guzzo. “Acha que melhora a vida dos pobres atacando os demais.”
No plano internacional, a crítica é ainda mais incisiva. O governo tem sido acusado de adotar um alinhamento ideológico com regimes autoritários e de flertar com o antissemitismo, ao manter posturas hostis contra Israel enquanto minimiza ou ignora o terrorismo promovido pelo Irã e seus aliados.
Uma opção pelos párias internacionais
Para Guzzo, Lula se recusa a dialogar com o mundo democrático e tem preferido manter relações amistosas com regimes opressores como Cuba, Venezuela, Nicarágua e Irã. A tentativa de se firmar como “líder da esquerda mundial” não apenas isola o Brasil diplomaticamente, mas compromete a imagem do país no cenário global.
“Decidiu que difamar Israel vai resolver os seus problemas no Brasil e está fechado com a ditadura e com os terroristas que querem varrer os judeus da face da Terra”, afirma o jornalista.
A análise final de Guzzo é contundente: o radicalismo não é um plano — é um disfarce. É a maneira encontrada por Lula para camuflar o próprio fracasso, alimentar a polarização e manter sua militância engajada, mesmo diante da evidente paralisia administrativa.
“O presidente reage às suas misérias se metendo na fantasia de guerreiro. Em vez de pensar, agride.”