Jason Miller, um dos assessores mais próximos de Donald Trump, esteve no centro de uma controvérsia no Brasil em 2021, quando foi detido pela Polícia Federal a pedido do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O empresário norte-americano, fundador da rede social Gettr e figura central na campanha de Trump, foi abordado no aeroporto de Brasília, enquanto participava de uma viagem ao Brasil.
Na ocasião, Miller foi conduzido para depor, mas permaneceu em silêncio durante o interrogatório. Após o depoimento, foi autorizado a retornar aos Estados Unidos. A detenção gerou atenção internacional, dado o histórico de proximidade entre o empresário e o ex-presidente dos Estados Unidos, além da crescente influência de Miller no cenário político americano.
Trajetória profissional de Jason Miller
Nascido em Seattle, Washington, em 1974, Jason Miller tem 49 anos e é uma das figuras mais estratégicas do universo político do Partido Republicano. Antes de se tornar um aliado próximo de Trump, Miller construiu uma carreira sólida no marketing político e na consultoria. Nos anos 2000, foi cofundador da Jamestown Associates, uma empresa especializada em campanhas eleitorais e publicidade política para conservadores, a qual ganhou notoriedade ao produzir comerciais para a vitoriosa campanha de Trump em 2016, na corrida contra Hillary Clinton.
Embora Miller tenha sido oferecido cargos de destaque durante a administração Trump, ele optou por não aceitar funções formais na Casa Branca. Em vez disso, assumiu um papel crucial como porta-voz de Trump após a saída deste da presidência em 2020. Em 2021, Miller lançou a rede social Gettr, uma plataforma criada como alternativa ao Twitter, popular entre políticos e simpatizantes de ideais conservadores, especialmente aqueles que foram banidos de outras redes sociais por suas posições extremas.
Miller permaneceu como CEO da Gettr até fevereiro de 2023, quando passou a integrar oficialmente a equipe de pré-campanha de Trump para a eleição de 2024. Sua habilidade em gerenciar e moldar a imagem de Trump em diversas plataformas o consolidou como um dos principais estrategistas políticos da direita americana.
A detenção no Brasil
A detenção de Jason Miller no Brasil foi um episódio curioso, dado que envolveu a Polícia Federal brasileira e um dos aliados mais próximos de Trump. A operação fazia parte de um inquérito aberto por Alexandre de Moraes para investigar os chamados “atos antidemocráticos”, que envolviam movimentos e discursos reclamando contra as instituições democráticas do Brasil, principalmente entre apoiadores de Bolsonaro e outros grupos. A detenção de Miller foi vista como uma tentativa de aprofundar as investigações sobre a influência internacional de figuras políticas alinhadas ao bolsonarismo e à direita.
Embora Miller tenha sido detido para prestar depoimento, ele não foi formalmente acusado de qualquer crime. Após o interrogatório, a sua liberação para retornar aos EUA foi autorizada. A presença de figuras como Miller no Brasil e em outros países, ligados a movimentos políticos conservadores, gerou especulações sobre a extensão da rede de apoio político internacional que Bolsonaro e Trump compartilhavam.
A personalidade de Miller e suas relações com Trump
Jason Miller é frequentemente descrito como um “operador talentoso” no cenário político, com habilidades excepcionais para gerenciar campanhas e fortalecer a base de apoio de Trump. Kurt Bardella, outro consultor republicano, caracteriza Miller como alguém que navega com habilidade pelo “mundo Trump”, uma política de extremos e confrontos. Bardella também observou que, embora Miller seja leal a Trump, ele tem a capacidade de se manter fora dos maiores conflitos, equilibrando sua lealdade com a necessidade de manter uma imagem pública.
Uma das funções mais notáveis de Miller foi sua atuação como porta-voz de Trump, especialmente quando o ex-presidente deixou a Casa Branca e passou a se concentrar em sua própria rede de apoio. A capacidade de Miller de comunicar e defender Trump, mesmo em momentos de grande controvérsia, consolidou sua posição como um dos principais aliados do republicano.
A história de Marçal e a desmentida de Miller
Outro episódio notável envolvendo Jason Miller foi a sua desmentida de uma suposta carta de apoio de Trump ao ex-coach Pablo Marçal, durante as eleições municipais em São Paulo. Marçal havia alegado que Trump lhe enviara uma carta após o incidente em que foi agredido pelo apresentador de televisão Datena. Miller, no entanto, desmentiu categoricamente o caso, afirmando que Trump não havia enviado nenhuma carta para Marçal.
Essa intervenção de Miller ilustra seu papel não apenas como conselheiro estratégico, mas também como guardião da imagem pública de Trump, desmentindo histórias que poderiam afetar a integridade do ex-presidente.
O futuro de Jason Miller com Trump
Com a provável retomada da presidência dos Estados Unidos por Trump em 2025, as expectativas são de que Jason Miller receba um cargo significativo em sua administração. O empresário já demonstrou sua lealdade incondicional a Trump e sua habilidade em manter o ex-presidente relevante nas discussões políticas, especialmente no cenário digital com a plataforma Gettr.
Em um cenário político polarizado e repleto de desafios, Miller continua sendo uma peça-chave na estratégia de Trump, tanto nos bastidores quanto nas campanhas públicas, e sua trajetória promete seguir de perto os rumos da política americana e sua crescente influência global.