Apesar do discurso frequentemente adotado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) de que luta pela igualdade de gênero, a prática mostra que o partido não aplica esse princípio de forma tão rigorosa. Nas eleições municipais de São Paulo deste ano, por exemplo, o PT terá menos candidatas mulheres do que o Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é acusado pelos petistas de ser machista.
Dos 55 candidatos a vereador do PL, 22 são mulheres, representando 40% do total. Já o PT terá apenas 15 candidaturas femininas entre os seus 45 postulantes à Câmara Municipal de São Paulo, correspondendo a 30% do total, o mínimo exigido pela legislação eleitoral.
Mesmo somando as candidaturas do PV e do PCdoB, partidos que junto com o PT formam a Federação Brasil da Esperança, o percentual de candidatas não atinge o alcançado pelo PL. No total, são 19 mulheres entre 56 candidaturas, o que equivale a 34%.
O percentual de candidaturas femininas atingido pelo PL em São Paulo pode ser visto como reflexo do trabalho do PL Mulher, o braço feminino do partido, que desde março de 2023 é presidido pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. No último ano, a esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro tem viajado pelo Brasil incentivando a participação feminina na política.
Em janeiro deste ano, o partido divulgou que, desde a chegada de Michelle, mais de 22 mil mulheres se filiaram ao PL, um aumento de cerca de 370% em relação às filiações femininas em 2022. A ex-primeira-dama também atraiu para a legenda nomes de peso, como a advogada cubana Zoe Martínez e a vereadora Sonaira Fernandes.