O PT e aliados do governo Lula intensificaram as críticas a Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, após a elevação da taxa Selic de 11,25% para 12,25%. No entanto, deixaram de mencionar que Gabriel Galípolo, indicado pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o comando da instituição em 2024, também votou a favor do aumento na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, classificou a decisão como “irresponsável, insana e desastrosa”, culpando Campos Neto por “sufocar a economia e o crédito”. Outros líderes petistas, como José Guimarães e Rogério Correia, acusaram o Banco Central de “sabotagem” e de agir como “refém da Faria Lima”.
Curiosamente, a retórica petista poupou Galípolo, que desempenhou papel central nas negociações da nova política fiscal do governo. Sua adesão ao aumento da Selic contrasta com a narrativa de que a política monetária estaria “sabendo exclusivamente a Campos Neto”.
A postura do PT expõe uma contradição: ao culpar o Banco Central por decisões colegiadas, o partido ignora que suas próprias indicações já fazem parte ativa das deliberações. Enquanto isso, Campos Neto encerra seu mandato em meio a críticas severas, mas com apoio do mercado financeiro pela manutenção da autonomia do Banco Central.
O embate reforça a tentativa do governo de politizar a política monetária, sem reconhecer o papel de sua própria base em decisões que impactam o cenário econômico.