O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou em uma entrevista à CNN nesta quarta-feira, 27 de março, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumirá o controle da Petrobras, tanto em relação à política de preços quanto aos investimentos, visando direcionar a empresa para áreas estratégicas do governo, como um plano de transformação ecológica. Essa afirmação foi feita durante a entrega de uma entrevista à CNN.
Haddad enfatizou que, na sua avaliação, direcionar os investimentos da Petrobras, como no caso da transformação ecológica, não constitui uma intervenção na empresa.
“O presidente já repetiu inúmeras vezes que, tanto em relação à política de preços quanto à política de investimentos da Petrobras, sendo uma empresa estratégica, ele agirá como o controlador para garantir que a Petrobras, por exemplo, invista mais na transformação ecológica. É um direito do controlador incentivar a Petrobras nessa direção. O petróleo, se não vai acabar, será cada vez menos utilizado”, afirmou o ministro.
Ele destacou que o governo está promovendo investimentos “inclusive em pesquisas e desenvolvimento voltadas para o hidrogênio verde”. “Não parece que isso seja uma intervenção”, acrescentou.
Quando questionado sobre outras empresas, ele mencionou que, no caso da Eletrobras, discutir a representação da União no conselho não é anormal e tampouco configura uma intervenção.
O governo Lula tem sido criticado por tentar interferir na gestão de grandes empresas. O exemplo mais recente foi a decisão do conselho de administração da Petrobras de reter o pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas, no valor total de R$ 43 bilhões, numa decisão do próprio presidente Lula. O anúncio frustrou o mercado e fez a estatal perder cerca de R$ 56 bilhões em valor de mercado em um único dia.
A Petrobras é uma empresa de capital misto, sendo o governo brasileiro o maior detentor de ações, com maioria em seu conselho (seis dos 11 assentos). Logo após a decisão, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, usou as redes sociais para rebater as críticas. “É legítimo que o CA (conselho de administração) se posicione orientado pelo presidente da República e pelos seus auxiliares diretos, que são os ministros. Foi exatamente isso o que ocorreu”, declarou.
Haddad enfatizou que o papel do Ministério da Fazenda é colaborar para um ambiente de negócios favorável no país, o que inclui acalmar o mercado quando há preocupações sobre as ações do governo em relação às estatais.
