Enfrentando uma série de desafios que vão desde problemas no combate à epidemia de dengue até turbulências nos mercados devido às incertezas fiscais, além das greves dos servidores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está testando os limites da articulação política com o Congresso, que é uma área sensível do governo.
A disputa pública entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, este mês trouxe à tona preocupações sobre um possível processo de impeachment, semelhante ao que ocorreu com Dilma Rousseff (PT). Embora a chance de impeachment de Lula ainda seja vista como remota por muitos analistas, o governo sentiu a pressão e agiu para reagir às especulações.
O alerta sobre o risco de Lira desengavetar um dos 19 pedidos de impeachment de Lula na Câmara foi inicialmente feito pelo líder governista na Casa, José Guimarães (PT-CE), seguido pelo próprio presidente. Isso ocorreu após o Congresso encaminhar demandas da oposição e aprovar “pautas-bomba” que aumentam os gastos públicos em até R$ 80 bilhões, o que preocupa o governo.
Lula convocou uma reunião emergencial com seus articuladores no Congresso e reforçou a necessidade de melhorar o diálogo com os parlamentares. Ele até mesmo repreendeu ministros, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Em seguida, recebeu Lira para uma conversa no Palácio do Planalto no domingo, sugerindo uma possível trégua temporária.
Na terça-feira, o presidente admitiu novamente a falta de apoio sólido no Legislativo e a necessidade de negociação, mas ressaltou que não concederá mais poder ao Centrão. Essas movimentações mostram uma tentativa de Lula de evitar uma crise semelhante à enfrentada por Dilma, embora haja diferenças significativas entre os dois cenários.