A possibilidade de uma vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos tem gerado crescente apreensão no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com a disputa eleitoral se aproximando, muitos temem que a volta do republicano à Casa Branca possa representar um retrocesso significativo nas relações diplomáticas e em temas estratégicos que envolvem o Brasil, como questões climáticas, direitos humanos e a postura internacional dos EUA.
Lula, que expressou apoio à candidatura de Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, já apontou Trump como uma figura ligada ao ressurgimento de ideologias como o “nazismo e fascismo”, e afirmou que seu retorno ao poder representaria um risco global. Apesar de a relação com Joe Biden, atual presidente, ser tida como morna, com pouca substância prática, a troca de governo para o republicano poderia acirrar ainda mais as tensões. O presidente brasileiro já admite que uma vitória de Trump traria “maiores retrocessos” para suas políticas e ambições internacionais.
Um dos maiores pontos de atrito seria a agenda ambiental. O governo brasileiro já se preparava para sediar a COP, a conferência do clima da ONU, em Belém, no próximo ano, com a expectativa de garantir um aporte de US$ 500 milhões ao Fundo Amazônia, promessa que havia sido feita por Biden, mas que até o momento encontra-se paralisada no Congresso americano. Com a ascensão de Trump, diplomatas brasileiros temem que a cooperação ambiental, especialmente com os EUA, seja ainda mais dificultada. O ex-presidente já demonstrou desinteresse por acordos climáticos durante seu mandato, e com o apoio de uma maioria republicana no Senado, as perspectivas para o Brasil são sombrias.
Além disso, a crescente aproximação entre Trump e o bilionário Elon Musk, um dos principais aliados do ex-presidente americano, também é vista com desconfiança em Brasília. A influência de Musk, especialmente nas questões tecnológicas e de comunicação, poderia fortalecer ainda mais a pauta conservadora nos EUA e afetar diretamente o cenário político brasileiro. Há também a possibilidade de que articulações envolvendo direitos humanos, liberdade de expressão e até críticas ao STF ganhem mais força, com medidas mais rígidas contra o Judiciário brasileiro, incluindo sanções econômicas ou restrições diplomáticas.
O governo Lula já se prepara para um cenário mais difícil caso Trump retorne ao poder, com diplomatas e especialistas aguardando uma possível mudança drástica nas relações entre os dois países, o que pode afetar tanto o comércio quanto as negociações sobre temas chave como clima, saúde pública e segurança internacional.
