A queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre os católicos, indica que a insatisfação com o líder petista está se alastrando, atingindo não apenas os eleitores oposicionistas, mas também sua própria base de apoio. Fatores como a alta da inflação nos alimentos, a postura de Lula em relação ao aborto e as suas declarações contra Israel parecem contribuir para esse afastamento do segmento religioso.
De acordo com pesquisa do DataPoder, divulgada recentemente, houve uma queda significativa na preferência por Lula entre os católicos. Em janeiro deste ano, 59% dos católicos consideravam Lula melhor do que o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas esse número caiu para 52%. Por outro lado, o percentual dos que o consideram pior permaneceu praticamente estável, em 34%.
Os resultados foram obtidos por meio de entrevistas telefônicas realizadas entre os dias 23 e 25 de março, totalizando 2.500 entrevistas em 202 municípios em todas as 27 unidades da federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
Especialistas apontam que essa redução na aprovação entre os católicos pode indicar um ampliação da insatisfação com o governo, abrangendo grupos que anteriormente eram mais tolerantes com a situação econômica. O professor Elton Gomes, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), observa que parte do eleitorado esperava uma melhora econômica mais rápida sob o governo de Lula.
Já o cientista político Adriano Cerqueira, do Ibmec de Belo Horizonte, destaca que, embora ainda seja possível reverter essa tendência, o governo está enfrentando desafios crescentes na área econômica, o que pode limitar sua capacidade de resposta.
Além disso, a postura de Lula em questões relacionadas aos costumes também tem impacto na sua popularidade. O embate em torno da nota técnica do Ministério da Saúde, que abordava a questão do aborto, gerou atritos com a comunidade católica e contribuiu para o desgaste do governo.
Esse descompasso entre o governo e parte do eleitorado católico pode ser explicado, em parte, pela história política do país e pela atuação da esquerda junto à Igreja Católica desde os anos 70, principalmente através da Teologia da Libertação. O descontentamento com as políticas progressistas adotadas pelo governo também é explorado pela oposição, aumentando o desgaste de Lula entre os católicos.
Diante desse cenário, Lula busca recuperar sua popularidade por meio de uma série de agendas fora de Brasília, com destaque para viagens estratégicas a estados-chave. Essa estratégia visa, segundo analistas, reverter a perda de apoio político e recuperar espaço para o PT nas próximas eleições municipais.