Após assumir seu terceiro mandato na Presidência da República, Lula recebeu um presente inesperado de Jair Bolsonaro, seu principal adversário político derrotado na eleição mais acirrada desde a redemocratização do país. A invasão e depredação das sedes dos três poderes, em 8 de janeiro de 2023, enfraqueceram Bolsonaro e permitiram a Lula estreitar laços com representantes do Judiciário, Legislativo e até políticos da oposição, sob o pretexto de defender a democracia. Com o desgaste do bolsonarismo após uma tentativa fracassada de articulação golpista, uma oportunidade de pacificação se abriu, consolidando um ambiente favorável para Lula, que aproveitou para aprovar projetos importantes no Congresso, revitalizar programas sociais e impulsionar a economia além das expectativas do mercado.
Esses resultados levaram Lula a acreditar no sucesso de seu governo, pelo menos em termos de popularidade. No entanto, sua imagem e a do governo começaram a se deteriorar, refletindo um confronto entre duas realidades: a visão da esquerda e dos aliados próximos ao governo, que aplaudem as políticas ideológicas, e a realidade das ruas, onde questões como segurança pública, custo de vida e corrupção preocupam a população. Pesquisas recentes mostram uma queda na aprovação do governo, forçando Lula a reconhecer publicamente que o governo está aquém do esperado, embora mantenha otimismo quanto ao futuro.
A autocrítica, antes rara no Palácio do Planalto, agora é necessária diante do desgaste crescente. Enquanto alguns indicadores econômicos apresentam melhorias, a percepção da população sobre a economia piorou, contribuindo para a queda na popularidade do governo. Lula também enfrenta desafios significativos em áreas como segurança pública e corrupção, sem apresentar planos consistentes para lidar com essas questões. Enquanto isso, o bolsonarismo continua a utilizar esses temas para minar a imagem de Lula.
A falta de uma estratégia clara e a tendência de Lula de se isolar da crítica construtiva têm sido fatores-chave no desgaste de seu governo. A recusa em reconhecer os erros do passado, especialmente em relação à corrupção, alimenta a desconfiança da população. Além disso, a falta de coordenação interna do governo e a tentativa de interferir em grandes empresas como a Vale e a Petrobras minam ainda mais a confiança do mercado e dos investidores.
Para recuperar sua imagem e consolidar seu terceiro mandato, Lula precisa adotar uma abordagem mais pragmática e inclusiva, abandonando políticas sectárias e populistas. Isso inclui ouvir e responder às preocupações reais da população, especialmente em questões como segurança pública e corrupção, e evitar medidas que possam prejudicar a estabilidade econômica do país.
