O deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) fez críticas ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à política de segurança pública do governo federal, em entrevista concedida nesta quinta-feira (27) ao programa Arena Oeste. O parlamentar defendeu a anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro e afirmou que Motta é, em sua avaliação, “corresponsável” por prisões e pela morte de um manifestante conhecido como Clezão.
Pollon declarou apoiar a aprovação de uma anistia aos detidos em razão dos eventos de 8 de janeiro, alegando fundamentos jurídicos e humanitários. Questionado sobre a confiança no presidente da Câmara para pautar o tema, respondeu:
“Tem a pessoa física, o Hugo Motta, que não confio, e tem a pessoa-instituição, que é o presidente da Câmara dos Deputados, que também não confio.”
O deputado afirmou que, em sua visão, compromissos assumidos sobre a votação da anistia não foram cumpridos. Ele também relatou que responde a processos disciplinares na Câmara por críticas feitas ao presidente da Casa e por participação em atos de obstrução.
“O presidente da Câmara”, disse Pollon, “é corresponsável pela morte do Clezão, é corresponsável pela prisão de amigos meus, é corresponsável por pessoas inocentes estarem há mais de dois anos na cadeia.”
Armas, segurança pública e governo Lula
Ao ser questionado sobre a situação de caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Pollon afirmou que não houve apenas mudança de política, mas uma tentativa de eliminação do segmento.
Segundo o deputado, setores da esquerda teriam defendido um “confisco absoluto” das armas em circulação. Ele afirmou que, durante o período de transição de governo, teria circulado uma minuta de decreto prevendo “o imediato confisco de todas as armas que foram compradas durante o governo Bolsonaro”.
Pollon relacionou a questão das armas à defesa da propriedade rural, citando situações de invasões de terras em Mato Grosso do Sul que diz ter acompanhado. Em tom crítico às restrições ao armamento civil, declarou que, se dependesse apenas dele, proprietários rurais poderiam ter até sistemas de armamento pesado em suas fazendas, desde que estas não fossem invadidas.
Conflitos fundiários e demarcação de terras indígenas
Ao comentar decisões recentes sobre demarcação de terras indígenas, Pollon voltou a criticar o STF. Em referência ao ministro Ricardo Lewandowski, usou termos pessoais e afirmou não reconhecê-lo como magistrado, classificando-o como “ativista”.
O deputado reiterou apoio ao chamado “marco temporal” e disse considerar que decretos de demarcação seriam, em sua avaliação, “um amontoado de fraudes”. Ele mencionou casos em seu Estado e defendeu que produtores rurais tenham meios próprios de defesa, argumentando que “a fazenda é a casa de muita gente”.
Sobre a atuação de movimentos sociais em invasões de terras, Pollon avaliou que esse tipo de ação “é terrorismo, sim” e afirmou ver violência na atuação de organizações como o MST. Segundo ele, os Estados teriam condições de antecipar e prevenir esse tipo de conflito.
Cenário eleitoral e 2026
Questionado sobre as eleições de 2026, Pollon afirmou que, em sua visão, a disputa para o Senado terá papel decisivo no futuro político do país.
“A eleição mais importante para o Brasil, da história do Brasil, é para o Senado”, declarou.
O deputado disse hoje se colocar como pré-candidato ao governo de Mato Grosso do Sul, mas admitiu que esse cenário pode ser alterado conforme as decisões internas do partido. Ele também mencionou a possibilidade de disputar uma vaga ao Senado caso haja apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro e da legenda à qual pertence.
Sobre quem herdaria o eleitorado da direita caso Bolsonaro permaneça inelegível, Pollon afirmou que a definição passaria pela indicação direta do ex-presidente:
“Quem o Bolsonaro falar que é.”