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quarta-feira, 16 julho, 2025
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Pobres contra ricos? Janja faz compras em shopping de luxo no Leblon em meio a discurso “popular” de Lula

Por Alexandre Gomes

Primeira-dama circula em centro de compras da elite carioca enquanto governo aposta em narrativa contra ricos, pró-pobre e aumenta impostos

Na última sexta-feira (5), a primeira-dama Janja da Silva aproveitou uma brecha na agenda oficial de compromissos dos ministros do governo Lula para visitar o Shopping Leblon, um dos centros de compras mais caros e exclusivos do Brasil, localizado em um dos bairros mais elitizados do Rio de Janeiro. A visita, marcada por compras em lojas de grife e troca de autógrafos com admiradores, chamou atenção pelo contraste com o discurso oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta reencarnar o personagem do “pai dos pobres” em meio a um contexto econômico delicado.

Durante o passeio, Janja experimentou vestidos, biquínis e circulou com naturalidade pelas vitrines de marcas de luxo, que atraem a elite carioca justamente por oferecerem “atendimento seletivo” e estarem afastadas do consumo de massa. Ao mesmo tempo, foi notada por clientes que, embora alguns tenham pedido autógrafos, também registraram olhares críticos diante da presença da primeira-dama no reduto dos endinheirados.

Contraste com a realidade do brasileiro

O momento escolhido para o passeio foi emblemático: Lula tenta reforçar o discurso de enfrentamento entre “ricos e pobres”, usando inclusive o aumento do IOF como justificativa para cobrar “mais dos que têm mais”. No entanto, a imagem da primeira-dama circulando num shopping frequentado pela elite econômica do país enfraquece o apelo à simplicidade e ao discurso popular que tradicionalmente sustentou a narrativa petista.

Enquanto o preço dos alimentos dispara nos supermercados e a tão prometida “picanha com cervejinha” continua fora do alcance da maioria, o governo enfrenta resistência crescente da população, especialmente entre as classes mais baixas. A ida de Janja ao Leblon, em pleno avanço de medidas impopulares como a alta de tributos, alimenta a percepção de um governo distante da realidade da maioria dos brasileiros.

Além de contar com a estrutura do cartão corporativo da Presidência da República, Janja se casou com Lula quando o petista já acumulava milhões de reais em contas bancárias — valores investigados na época da Operação Lava Jato, que apontou que parte do patrimônio foi construído com recursos de palestras e contratos com empreiteiras envolvidas em corrupção.

Assim, o luxo nunca foi exatamente estranho à vida atual do casal presidencial, apesar da imagem construída ao longo dos anos como “símbolos da classe trabalhadora”. A naturalidade com que Janja transita por espaços de elite contrasta com o tom de confronto adotado pelo presidente, que insiste em apontar o dedo para as “elites econômicas” ao mesmo tempo em que o próprio entorno presidencial usufrui dos benefícios desse mesmo grupo.

Rejeição cresce com promessas descumpridas

O episódio também ganha relevância política num momento em que o Congresso freia a tentativa do Planalto de manter o aumento do IOF, imposto que recai sobre operações de crédito, câmbio e investimentos — e que atinge principalmente os mais pobres, que dependem de financiamento para emergências do dia a dia.

A narrativa de um governo voltado aos mais vulneráveis sofre desgaste com decisões que aumentam impostos, priorizam gastos bilionários com emendas parlamentares e mantêm privilégios para castas políticas e econômicas, enquanto a vida do trabalhador comum segue marcada por inflação, desemprego e insegurança.

Em meio ao esforço do governo em reconstruir o personagem popular de Lula e acirrar a retórica de “nós contra eles”, a presença de Janja em um dos shoppings mais caros do país expõe um ponto fraco da narrativa petista: a distância crescente entre o discurso e a prática. Ao mesmo tempo em que Lula tenta pintar a oposição como defensora dos ricos, sua primeira-dama é flagrada consumindo nos mesmos ambientes de luxo que ele critica. E isso, no mundo da política, é o tipo de contradição que custa caro.

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