O líder do Partido Liberal na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante, enviou um ofício à primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, ao vice-premiê Matteo Salvini e ao ministro da Justiça, Carlo Nordio, solicitando que o governo italiano negue o pedido de extradição da deputada Carla Zambelli. No documento, o parlamentar pede ainda que Zambelli receba asilo político, alegando que ela está sendo perseguida por motivações ideológicas no Brasil e que seus direitos ao contraditório e à ampla defesa não foram respeitados no processo conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Segundo o deputado, Zambelli é uma das parlamentares mais votadas do país e tem sua atuação associada à defesa de pautas conservadoras, que estariam sendo criminalizadas por uma parcela do Judiciário brasileiro. O ofício argumenta que, assim como a Espanha já negou anteriormente um pedido de extradição feito pelo Brasil, a Itália também poderia rejeitar esse pedido com base em fundamentos humanitários e políticos.
Carla Zambelli foi detida em Roma após ser incluída na lista de procurados internacionais da Interpol, em decorrência de uma condenação a dez anos de prisão por envolvimento em invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça. Ela se encontra presa na penitenciária feminina de Rebibbia, enquanto aguarda a tramitação do pedido de extradição apresentado pelas autoridades brasileiras.
A deputada possui cidadania italiana, o que pode ser usado como argumento adicional para solicitar proteção legal por parte do Estado italiano. Seus aliados têm reforçado que o contexto político brasileiro justifica o pedido de asilo, e que a extradição configuraria uma injustiça contra alguém que, segundo eles, apenas exerceu seu mandato parlamentar em oposição ao atual governo e às decisões do Supremo Tribunal Federal.
Apesar dos apelos, especialistas em Direito Internacional alertam que o processo de extradição seguirá critérios técnicos da Justiça italiana e pode levar meses ou até anos. A decisão final caberá ao Ministério da Justiça da Itália, que avaliará não apenas o mérito jurídico do caso, mas também possíveis implicações políticas e diplomáticas. A mobilização do PL representa um esforço institucional e simbólico para evitar que Carla Zambelli retorne ao Brasil sob custódia, reforçando o discurso de que ela estaria sendo alvo de perseguição por suas posições políticas.