O Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, está se reposicionando de maneira assertiva no Congresso Nacional, após um período de isolamento das principais funções legislativas, segundo O Globo. Mesmo fora das presidências das casas, o PL optou por uma nova estratégia, firmando alianças e negociações para garantir sua influência nas decisões políticas e legislativas a partir de 2025. Em um movimento de destaque, a legenda firmou acordos com figuras-chave como o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), visando ocupar posições de relevo, como a vice-presidência do Senado e a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa Alta.
Esse fortalecimento do PL no Congresso é considerado um reflexo da habilidade política de Jair Bolsonaro e do trabalho do partido para não ficar à margem dos principais processos legislativos. Em 2023, o PL ficou fora de cargos-chave após as eleições, quando não conseguiu eleger seus candidatos para a presidência do Senado e da Câmara. Contudo, desta vez, a legenda se antecipou e estabeleceu alianças estratégicas, conseguindo garantir a vice-presidência das duas casas. No Senado, o favorito do PL para o cargo é Eduardo Gomes (PL-TO), que tem boas relações tanto com a base bolsonarista quanto com setores do governo petista, e é próximo de Davi Alcolumbre, atual presidente da CCJ.
A negociação com Alcolumbre e Motta representa uma vitória política significativa para o PL, que se comprometeu a apoiar as candidaturas desses dois parlamentares em troca de espaços importantes. A vice-presidência do Senado e a presidência da CCJ são cargos essenciais para o partido de Bolsonaro, uma vez que permitem ao PL pautar projetos de seu interesse, como reformas e propostas que têm sido prioridades para o bolsonarismo. No caso da CCJ, por exemplo, o comando da comissão tem enorme poder de influência, já que é a principal responsável por analisar as propostas de emenda constitucional e até mesmo sabatinar indicados para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, o PL também tem se esforçado para filiar mais senadores e fortalecer sua bancada para reivindicar a presidência da CCJ do Senado, um cargo que, tradicionalmente, fica com o partido com maior bancada. A aliança com o PSD e outros partidos do Centrão tem sido essencial para alcançar essa meta, o que mostra a capacidade do PL de articular amplos acordos no Congresso. Para o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), a negociação é baseada na proporcionalidade e nos “prêmios” políticos que os grandes partidos merecem pela sua representatividade, garantindo assim mais poder para o PL nas discussões políticas do país.
No campo da Câmara dos Deputados, a estratégia do PL também está sendo bem-sucedida. A sigla espera que o cargo de vice-presidente da Mesa Diretora seja ocupado por um nome forte e alinhado ao bolsonarismo, como o deputado Altineu Côrtes (RJ), da ala mais próxima ao Centrão. A alteração na liderança da bancada também está sendo discutida para fortalecer a atuação do PL na Câmara, com a possibilidade de um nome mais combativo substituindo Altineu no cargo de líder. Com 99 deputados, o PL é a maior bancada da Casa, e sua influência sobre o andamento das propostas é indiscutível. A sigla também tem se mostrado ativa na promoção de propostas de interesse bolsonarista, como o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, que continua sendo um dos focos de negociações no Congresso.
Esse reposicionamento do PL não é apenas uma tentativa de garantir cargos, mas também de moldar a agenda legislativa a partir das pautas que marcaram a gestão de Bolsonaro. A oposição ao STF e a defesa de propostas como a limitação das decisões da Corte e a possibilidade de impeachment de ministros seguem sendo bandeiras do partido, refletindo o ideário político que o ex-presidente e sua base defendem. Com sua nova postura, o PL está preparado para atuar como uma força de oposição influente, e sua capacidade de formar alianças estratégicas no Congresso coloca o partido em uma posição privilegiada para os próximos anos.
Dessa forma, o PL de Bolsonaro se fortalece não apenas como uma legenda de oposição, mas também como um partido pragmático, capaz de negociar e garantir espaços importantes no poder legislativo. Com uma agenda de reformas e projetos alinhados à sua base política, a sigla segue forte no Congresso, desafiando o governo Lula e colocando em prática uma estratégia eficaz para garantir a relevância política nos próximos anos. Em meio a um cenário político polarizado, o PL mostra que tem a habilidade de articular sua força no Congresso e pavimentar o caminho para suas propostas ideológicas, sempre em consonância com os princípios defendidos por Bolsonaro e seu legado.