Um documento apreendido pela Polícia Federal (PF) na primeira fase da Operação Sem Desconto traz referência a Fábio Luís Lula da Silva (Lulinha), filho mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A menção aparece em uma agenda encontrada durante diligências e é citada na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou uma nova etapa da operação, deflagrada em 18 de dezembro.
A anotação, segundo o registro descrito no processo, estaria associada a informações de credenciais ligadas a um camarote de show em Brasília, com indicação de datas e de um contato para retirada.
O que consta na agenda apreendida
De acordo com o trecho transcrito na decisão, a agenda traz a seguinte anotação:
“Mínimas informações possíveis. CPF – Fábio (filho Lula). Terça a quinta-feira. 03 a 05/12”.
Logo abaixo, aparece a orientação: “Pegar com Antônio”.
O processo não detalha, nesse ponto, o contexto completo da anotação nem quem teria feito o registro.
Mensagens interceptadas citam “nosso amigo”
Além da agenda, o STF também menciona um diálogo interceptado entre Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e a empresária e lobista Roberta Luchsinger, apontada como pessoa próxima de Lulinha.
Segundo o material citado, a conversa ocorreu em 29 de abril de 2025, dias após a deflagração da operação. Nas mensagens, Roberta relata a apreensão de um envelope durante buscas e escreve:
“E só para você saber, acharam um envelope com nome do nosso amigo no dia da busca e apreensão.”
Antunes responde: “Putz”. Em seguida, Roberta diz: “Joga fora”, e ele responde: “Já fiz isso”. Depois, Roberta afirma: “Conte com a gente”.
Outros trechos anexados ao processo fazem menções como “nosso amigo”, “meu amigo”, e frases como “Vão tentar jogar o Fábio dentro disso” e “Meu amigo gostou”, sem contexto completo exposto na decisão.
PF aponta papel de Roberta e cita discussão sobre “esquentar dinheiro”
Conforme o que foi descrito, a PF atribui a Roberta um papel relevante no entorno do lobista investigado e sustenta que ela atuaria como um elo de contato. A investigação também menciona discussões sobre formas de “esquentar o dinheiro” obtido com fraudes contra aposentados e pensionistas.
O que dizem as defesas
A defesa de Roberta, por meio do advogado Bruno Salles, afirma que as acusações estão fora de contexto e nega ligação dela com descontos indevidos do INSS.
Já Marco Aurélio de Carvalho, ex-advogado e amigo de Lulinha, declarou que ele não é alvo formal da apuração e classificou as mensagens como favoráveis à sua posição. Até o momento, segundo a própria narrativa do caso, a PF não aponta envolvimento direto de Lulinha no esquema investigado.