A matéria da coluna de Malu Gaspar em O Globo destaca a pressão da Petrobras sobre a Petros, o fundo de pensão dos servidores da estatal, para indicar Francisco Ferreira Alexandre como novo diretor de Investimentos, mesmo diante de sua história conturbada e da resistência de conselheiros. Ferreira, um ex-diretor da Previ, é réu em processos relacionados a gestões irregulares que causaram prejuízos significativos a fundos de pensão, incluindo a própria Petros.
A situação é complexa, com Ferreira tendo sua nomeação atribuída a João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, que tem atuado nos bastidores para influenciar a escolha de dirigentes em estatais. A proposta para sua indicação foi enviada em julho, mas não seguiu o processo de recrutamento convencional, o que levantou suspeitas sobre a transparência do processo.
Dentro da Petros, a resistência a essa indicação é notável, especialmente considerando que Ferreira é processado pelo fundo que agora pretende gerenciar, o que levanta questões sobre conflitos de interesse. Além disso, há preocupações sobre sua qualificação para o cargo, dado que as regras da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) exigem um perfil específico que parece não ser compatível com a trajetória de Ferreira.
A articulação para sua nomeação parece estar ligada a um contexto mais amplo, em que o governo Lula busca flexibilizar os regulamentos dos fundos de pensão para direcionar investimentos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), especialmente em um momento fiscal apertado. A tentativa de acelerar a aprovação da indicação tem gerado tensões internas, refletindo as dificuldades de equilibrar interesses políticos e a governança dos fundos de pensão.
A Petrobras, em resposta, reafirma a independência da Petros na seleção de seus diretores e evita comentar diretamente as pressões alegadas. A situação é um reflexo das complexas interações entre política e gestão dos fundos de pensão no Brasil, levantando questões sobre a responsabilidade e a transparência no uso de recursos que deveriam ser destinados à previdência dos trabalhadores.