A recente pesquisa de intenção de votos para a Prefeitura de Porto Alegre acendeu um sinal de alerta no PT e na base do governo Lula. A candidata do partido, a deputada Maria do Rosário, aparece com apenas 28,8% das intenções de voto, muito atrás do atual prefeito e candidato à reeleição, Sebastião Melo (MDB), que lidera com expressivos 61,5%. A diferença de quase 30 pontos percentuais preocupa o partido, que vê a capital gaúcha como uma cidade estratégica para fortalecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Sul, uma região conhecida por sua inclinação bolsonarista.
O resultado da pesquisa, conduzida pelo Instituto Futura Inteligência, aponta para uma situação delicada. Porto Alegre tem sido um foco de resistência ao PT, reflexo do crescimento do antipetismo na região Sul do Brasil, onde Jair Bolsonaro obteve forte apoio nas eleições presidenciais. O fato de Bolsonaro ter indicado a vice na chapa de Sebastião Melo reforça ainda mais o desafio para o partido de Lula.
Diante desse cenário, Lula já tem uma viagem agendada para Porto Alegre nesta sexta-feira (18/10), com o objetivo de dar fôlego à campanha de Maria do Rosário. Embora a agenda oficial inclua a reabertura do aeroporto Salgado Filho, que foi afetado pelas enchentes deste ano, o objetivo principal parece ser impulsionar a candidatura de sua correligionária.
O grande obstáculo do PT, no entanto, não está apenas na disputa com Sebastião Melo, mas também na dificuldade de atrair os eleitores de Juliana Brizola (PDT), que terminou o primeiro turno com 19,69% dos votos válidos. Embora o partido esteja buscando alianças com os eleitores de Brizola e de outros candidatos derrotados no primeiro turno, a pesquisa mostra que Maria do Rosário não conseguiu converter votos de forma significativa, mantendo praticamente os mesmos números da primeira etapa da eleição.
A situação de Porto Alegre é preocupante para o PT, já que o resultado de eleições locais tem um impacto direto no fortalecimento ou desgaste do governo federal. O partido, que também disputa o segundo turno em outras capitais importantes como Cuiabá, Fortaleza e Natal, precisa urgentemente de vitórias para consolidar seu poder político. Além disso, o cenário em São Paulo, onde o PT está representado na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) com Marta Suplicy como vice, também será decisivo para o futuro da legenda.
A pesquisa, realizada entre os dias 10 e 11 de outubro, entrevistou 800 eleitores e foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número RS-04193/2024, com uma margem de erro de 3,5 pontos percentuais. Com o tempo correndo contra a campanha de Maria do Rosário, a estratégia de Lula para reverter o quadro será crucial nos próximos dias, mas o desafio de superar a diferença nas pesquisas é imenso. O PT, que já enfrentou derrotas importantes no Sul em eleições passadas, pode estar diante de mais uma batalha perdida se não conseguir mobilizar seus eleitores e conquistar novos apoios.