Uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), financiada em R$ 2,3 milhões pelo governo Lula para analisar o impacto dos anúncios políticos nas redes sociais, entrou na mira do Tribunal de Contas da União (TCU). O projeto, realizado através de um convênio com o Ministério da Justiça, tem o objetivo de estudar como as campanhas eleitorais de 2018 a 2024 utilizaram estratégias digitais nas redes sociais para impactar eleitores.
O estudo foi contratado durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e gerou críticas por parte de setores políticos e especialistas, que questionam a destinação de um valor tão elevado para uma pesquisa acadêmica em meio a outros desafios urgentes enfrentados pelo país. Críticos apontam que o montante poderia ser direcionado para áreas prioritárias como saúde, educação básica ou segurança pública, especialmente em um cenário de restrições fiscais e alta demanda por recursos em setores essenciais.
O ministro do TCU, Augusto Nardes, determinou, em 27 de setembro, a abertura de uma investigação preliminar para apurar detalhes sobre o convênio e a gestão dos recursos públicos envolvidos. A investigação busca garantir a transparência na aplicação do dinheiro público, e o tribunal já solicitou o envio de informações detalhadas e depoimentos dos gestores responsáveis pelo acordo entre o Ministério da Justiça e a UFRJ.
Críticos da gestão Lula veem a contratação da pesquisa como mais um exemplo de desperdício de recursos em áreas que não trazem resultados práticos e imediatos para a população. Eles argumentam que o governo está financiando estudos que, embora acadêmicos e importantes para o entendimento de tendências digitais, não representam uma prioridade em termos de impacto social direto, especialmente em um contexto econômico desafiador.
O governo Lula, por sua vez, defende que o estudo é essencial para entender o papel crescente das redes sociais nas campanhas eleitorais e para embasar futuras regulamentações sobre o uso de plataformas digitais. O aumento da influência das redes nas eleições, somado aos problemas relacionados à disseminação de fake news, torna a pesquisa relevante para garantir maior transparência e justiça no processo eleitoral.
Entretanto, a destinação dos R$ 2,3 milhões à UFRJ levanta questionamentos sobre a escolha das prioridades do governo federal, o que reforça a necessidade da investigação pelo TCU. O tribunal deverá avaliar se os recursos foram utilizados de maneira eficiente e se o convênio foi firmado de acordo com as normas legais.
A investigação ainda está em sua fase inicial, mas poderá influenciar o debate sobre a gestão dos recursos públicos no governo Lula, em um momento em que o controle dos gastos e a transparência das ações governamentais estão sob os holofotes.