Durante a cerimônia de abertura do segundo semestre no Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, declarou solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes, após este ter sido alvo de sanções impostas pelos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky. Em seu discurso, Gonet classificou as críticas internacionais como “assombrosas e inconcebíveis” e afirmou que Moraes tem atuado dentro dos limites institucionais da Corte.
A fala, embora simbólica, gerou reações nos bastidores do Judiciário e da classe política. Para aliados de Moraes, a manifestação representa uma tentativa de reforçar a legitimidade do STF. Já para setores mais conservadores, o gesto evidencia o crescente isolamento do ministro, alvo de críticas por sua atuação considerada por muitos como politicamente parcial e excessivamente concentradora de poder.
Paulo Gonet procurou destacar que Moraes atua sob controle colegiado e que o STF é um órgão técnico, mas evitou se aprofundar na questão da soberania nacional diante da interferência externa. O episódio reacendeu o debate sobre os limites do ativismo judicial e sobre o papel do Supremo em um ambiente cada vez mais polarizado.
Na mesma sessão, o advogado-geral da União, Jorge Messias, também saiu em defesa de Moraes e disse que a Justiça brasileira não se curva diante de ameaças externas. No entanto, a ausência de uma resposta mais dura por parte do governo brasileiro chamou atenção. Para parlamentares e juristas de direita, a falta de firmeza institucional diante da ingerência estrangeira é um sinal preocupante.
Enquanto parte da elite jurídica tenta blindar Moraes, cresce entre a população e a classe política a percepção de que há um desequilíbrio de forças entre os poderes. O uso da Justiça como instrumento de repressão política tem sido tema recorrente entre críticos do Supremo, que veem nas sanções uma consequência natural do desgaste acumulado pelo ministro ao longo de sua gestão em processos de forte conteúdo político.
O episódio reforça a importância de um Judiciário imparcial e alerta para os riscos de politização de decisões judiciais. Em vez de servir como trincheira de uma corrente ideológica, o STF precisa resgatar a confiança da população e reafirmar seu papel como guardião da Constituição, não como protagonista do embate político nacional.