A condução da política externa brasileira voltou ao centro das críticas no Congresso Nacional. Parlamentares da oposição intensificaram o coro pela demissão do chanceler Mauro Vieira, após o que classificam como um “fiasco diplomático” nas recentes tratativas com os Estados Unidos envolvendo a taxação de produtos brasileiros, segundo Cláudio Humberto, em sua coluna no Diário do Poder.
O deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP), reconhecido por sua atuação em temas internacionais, foi um dos primeiros a se pronunciar publicamente, criticando a atuação de Vieira como “decorativa, desalinhada e ideológica”.
“A condução do chanceler no caso da taxação é apenas mais um episódio desastroso, marcado por falta de firmeza, ausência de estratégia e completo desalinhamento com os interesses do Brasil”, afirmou o parlamentar.
Segundo Luiz Philippe, Vieira insiste em uma “política externa ultrapassada, marcada por ideologia e submissão”, o que, em sua visão, isola o país de seus principais parceiros estratégicos, como os Estados Unidos.
O parlamentar ainda ressaltou que a postura do ministro compromete o comércio exterior e a inserção geopolítica do Brasil:
“A atuação medíocre do chanceler compromete nossas relações comerciais e geopolíticas. O Brasil precisa de voz ativa, não de um agente passivo.”
Diplomacia em crise: “Nem telefone ele consegue”
A gota d’água para muitos parlamentares foi a incapacidade de Mauro Vieira em estabelecer uma linha direta de negociação com autoridades americanas, como o senador Marco Rubio, em meio à crise comercial em andamento. De acordo com fontes do Itamaraty, o chanceler sequer conseguiu marcar uma ligação com seu homólogo norte-americano.
“Fazendo gênero malcriado, Mauro Vieira não consegue nem falar ao telefone com Marco Rubio para iniciar negociações”, disparou um deputado da oposição que preferiu não se identificar.
Outra crítica recorrente é o papel submisso de Vieira dentro da estrutura do governo, sendo considerado apenas um executante das ordens de Celso Amorim, assessor especial de política externa do presidente Lula e verdadeiro formulador da agenda internacional do Planalto.
“Vieira é um chanceler decorativo, colocado no cargo apenas para obedecer Amorim. Quem manda na política externa brasileira é um assessor que nem sequer presta contas ao Congresso”, acusou Luiz Philippe.
Pressão por mudança no comando do Itamaraty
Diante do desgaste, cresce no Congresso um movimento para pressionar o governo por uma substituição imediata no comando do Ministério das Relações Exteriores, com a indicação de um nome técnico, de perfil estratégico e com credibilidade internacional.
Para os críticos, o Brasil não pode continuar “dando vexame no cenário global enquanto perde espaço e acordos importantes”. A expectativa é de que a pressão aumente nas próximas semanas, com requerimentos de convocação e discursos no plenário exigindo providências.
O desgaste do chanceler Mauro Vieira evidencia a crise de credibilidade da diplomacia brasileira sob o atual governo, segundo parlamentares oposicionistas. Com temas sensíveis em pauta — como a relação com os EUA, o Mercosul e os BRICS —, cresce a demanda por uma diplomacia menos ideológica, mais técnica e com foco no interesse nacional.
Enquanto isso, o Itamaraty permanece acuado, e o Brasil observa de fora as mesas de negociação que poderiam garantir sua inserção ativa na economia global.