Enquanto se prepara para receber chefes de Estado e ambientalistas do mundo todo durante a COP30, o estado do Pará enfrenta um colapso silencioso em sua estrutura de segurança pública. Um relatório enviado por policiais civis ao governador Helder Barbalho (MDB) alerta para uma situação considerada “alarmante”, especialmente no interior do estado.
O documento obtido pela imprensa revela que os problemas são antigos e foram ignorados pela cúpula da segurança. O então delegado-geral Walter Resende, que deixou o cargo em abril, foi notificado em pelo menos quatro ocasiões desde 2023 pelo sindicato da categoria (Sindpol-PA). Os alertas envolvem desde precariedade estrutural até possíveis violações de direitos humanos. Resultado: nada foi resolvido.
Delegacias do interior estão em completo abandono. Veículos quebrados e enferrujados se tornaram criadouros de mosquitos transmissores de doenças como dengue, leptospirose e chikungunya. Em Novo Progresso, uma cena revoltante: uma mulher presa, algemada e exposta há dias no corredor da carceragem masculina.
O relatório ainda aponta calotes do governo estadual no pagamento de diárias e gratificações extras aos policiais. “Nada até a presente data foi feito para minimizar as condições”, resume o texto, que escancara o descaso com aqueles que garantem a segurança da população.
Enquanto o governo do Pará busca projetar uma imagem de vanguarda ambiental ao sediar um dos eventos internacionais mais importantes do ano, a realidade interna contrasta com o discurso. A base da segurança pública — essencial para o funcionamento de qualquer Estado — segue abandonada.
Procurado, o governo de Helder Barbalho não se manifestou sobre as denúncias. O silêncio oficial apenas reforça o retrato preocupante de um estado onde o marketing fala mais alto que a realidade.