Apesar do escândalo bilionário que abalou a credibilidade do INSS, o governo Lula parece manter relações estreitas com as mesmas entidades acusadas de desviar recursos de aposentados e pensionistas. Segundo reportagem do Poder360, pelo menos 11 organizações suspeitas de fraudes que somam até R$ 6,5 bilhões continuam integrando conselhos e grupos de influência em dez ministérios, incluindo órgãos diretamente ligados ao Palácio do Planalto.
A mais influente dessas entidades é a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), protagonista nos desvios segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) e ainda assim presente em todos os 16 colegiados mapeados no governo Lula. Pior: a Contag tem assento até no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, órgão que assessora diretamente o presidente da República.
Essas organizações ocupam espaços deliberativos importantes em áreas como saúde, direitos humanos, previdência e educação. Muitas sequer têm estrutura comprovada para prestar os serviços prometidos, e a maioria dos aposentados entrevistados pela CGU nunca autorizou os descontos — o que indica uma possível prática sistemática de fraude.
Os laços entre Lula e líderes dessas entidades são antigos. O presidente da Contag, Aristides Veras dos Santos, é um aliado histórico do PT, entusiasta da campanha de Lula em 2022 e presença constante em eventos com o petista.
Enquanto isso, a Polícia Federal investiga um esquema criminoso de descontos indevidos, com mandados de prisão e apreensão que já resultaram no afastamento de seis altos dirigentes do INSS, incluindo seu presidente Alessandro Stefanutto. Foram apreendidos carros de luxo, joias, dinheiro vivo e obras de arte — símbolos clássicos da corrupção brasileira.
Apesar da gravidade, o governo Lula optou por minimizar os impactos: reagiu tardiamente, manteve as entidades nos conselhos e não apresentou um plano claro para reestruturar o sistema. Em vez de fazer uma limpeza ética, parece proteger aliados políticos e sindicatos que servem como base de sustentação.
O escândalo vai muito além de falhas administrativas. Trata-se de um modelo de aparelhamento do Estado, em que entidades suspeitas de crimes continuam tendo voz ativa na formulação de políticas públicas — muitas vezes contra os interesses da população.
Se a “nova esquerda” prometia governar com transparência e responsabilidade, os fatos mostram um governo sem controle de gastos, aliado de organizações sob investigação e incapaz de proteger os mais vulneráveis: os aposentados. Como ironizou a própria Folha de São Paulo, esse escândalo fura mais um pneu careca do governo Lula, que segue capengando entre viagens internacionais e crises domésticas mal resolvidas.